sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O Rap Bate Forte no Extremo Norte















No último sábado, 15, rolou no Centro de Cultura Negra do Amapá, o Baile “O Rap Bate Forte”, realizado pela Força Amapaense de Hip-Hop – FAHH. Pra ser sincero, fazia uma cara que a rapaziada e moçada ligada ao rap amapaense não se encontrava dessa maneira pra desenrolar uma situação dessas. O último encontro foi no final de setembro durante o I HIP-HOP no Quilombo.

Fiquei extremamente contente em ver o povo do hip-hop e adeptos do movimento num evento que teve o lançamento do CD demo do grupo Relatos de Rua. Mas foi outro grupo que apresentou várias músicas novas. Pra minha satisfação, o Função Real fez um som pra agitar toda a rapa. Realmente os irmãos têm a manha de fazer um rap autêntico e como diz o refrão de um dos sons dos caras – isso “é rap de caboclo!”

O Máfia Nortista por sua vez também representou muito bem, Sid, Branco e Ramon mostraram toda a qualidade do nosso rap. Na real, eles prepararam o terreno pro debutante da noite – o mano Vida Loka, que em nenhum momento ficou acanhado e representou muito bem a família Máfia Nortista.

Mais uma vez o Raciocínio da Ponte roubou a cena e abalou as estruturas do Centro de Cultura Negra. Logo de início o RDP mandou “Luz no Fim do Túnel”, um som que já tá na ponta da língua da rapaziada que curte o rapa amapaense. Mas o ponto alto da apresentação dos malucos foi um som que narra a trajetória do hip-hop do Amapá. Definitivamente Nena e Max já consolidaram o espaço do RDP na cena do rap macapaense.

Ouve também o momento de nostalgia, quando Sid, Emerson e Poca relembraram os tempos de CRGV cantando Pororoca Sonora e o Josiel mostrou que o Atitude Consciente ainda faz a massa agitar com Assassinos do Tempo. Pra finalizar o baile, rolou uma batalha de MC’s só pra descontrair e estimular umas rimas improvisadas entre a rapa.

Na minha humilde opinião, esse baile serviu como um gás novo na correria do rap do Amapá que teve um momento de ostracismo, mas que começou a se reerguer no final de outubro e inicio de novembro quando estiveram aqui em Macapá grandes parceiros do hip-hop nortista como o Denny (AM) e o DJ RG (PA).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Rompendo paradigmas e buscando novas perspectivas




Se misturarmos hip-hop, capoeira, marabaixo, batuque e dança afro. Qual será o resultado??? O resultado dessa miscelânea de elementos da cultura negra é muito simples – é AFRO-RITMOS.
O AFRO-RITMOS é uma nova proposta cultural que procura fundir ritmos tradicionais negros (marabaixo e batuque) com a capoeira, até chegar no hip-hop. Isso tudo, tendo noções básicas de negritude e resgate da auto-estima de nosso povo. É importante frisar que o AFRO-RITMOS é um projeto desenvolvido dentro de uma comunidade quilombola – o Curiaú.
Tudo iniciou em junho deste ano, quando o Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA decide realizar algumas atividades dentro do quilombo. A partir de então, crianças e jovens passam a ter contato com a capoeira, através do irmão Bicudo; e o hip-hop, por meio da Crew Mec Loucos (B. boys) e mais tarde o nosso irmão Marcelo abraçou o projeto e o hoje reforça o time responsável pelo projeto. Isso sem deixar de trabalhar a questão racial dentro dessa proposta cultural.

Relevância do Trabalho

Na real, esse projeto é importante porque agrega jovens e adolescentes quilombolas numa perspectiva de proporcionar-lhes um novo olhar, uma nova postura diante de uma sociedade racista, que atua de forma bastante maliciosa e covarde. Nesse contexto, o AFRO-RITMOS busca construir no seu público-alvo, jovens conscientes de sua negritude e, assumi-la é a nossa principal arma para combater o racismo e preparar nossas crianças e jovens para enfrentar a sociedade racista.
Por meio de práticas culturais de origem negra conseguimos oportunizar a possibilidade de mudança de atitude destes jovens que, encontraram no AFRO-RITMOS, um porto seguro para a reconstrução do orgulho negro amapaense.
Sendo assim, o AFRO-RITMOS já começa a ocupar alguns espaços importantes na cena cultural amapaense. Um exemplo disso foi a participação do grupo no Projeto Botequim do Sesc/Araxá e no ato show da Caminhada Zumbi dos Palmares deste ano.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Governo recua, dizem entidades


Brasília - A nova Instrução Normativa que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pretende baixar modificando a Instrução em vigor desde 2.005 (a de nº 20/2005) representa um recuo do governo brasileiro no reconhecimento dos direitos das comunidades quilombolas já assegurados pela Constituição.
Segundo lideres das comunidades remanescentes de Quilombos, e de entidades como a Comissão Pró-Indío de São Paulo e Justiça Global, as mudanças pretendidas pelo Governo atendem aos interesses do setor ruralista e de algumas corporações multinacionais, que tem desencadeado uma verdadeira guerra contra os direitos das comunidades.
Entre outros boatos, como parte da campanha desencadeada contra direitos históricos dessas populações, os fazendeiros estão espalhando que os quilombolas reivindicam 25% do território brasileiro e que as terras seriam tomadas de fazendeiros e empresas sem o processo de desapropriação.

Retrocesso
A nova instrução inviabiliza, na prática, a titulação das terras de Quilombo ao instituir uma série de novos entraves burocráticos no procedimento administrativo, como estudos extensos, dispendiosos e demorados, e maior espaço para as contestações de terceiros.
O Incra está submetendo a nova Instrução a uma consulta pública, até o dia 17 deste mês, porém, essa atitude também é criticada. “A chamada “consulta”, convocada de última hora pela Advocacia Geral da União, não se configura como um verdadeiro processo participativo e democrático. Os quilombolas estão sendo convocados no final do processo de revisão da instrução que se desenrola há pelo menos dois meses apenas para referendar um texto já acabado", afirma manifesto que está sendo divulgado.
Para tentar reverter a situação, entidades como o Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, além do Balcão de Direitos da Universidade Federal do Espírito Santo, estão pedindo que sejam enviadas mensagens à Ministra Dilma Rouseff, da Casa Civil, a José Antonio Dias Toffoli, da Advocacia Geral da União, e ao Presidente do Incra, Rolf Hackbart, protestando pela medida e pedindo a manutenção da Instrução Normativa em vigor. As mensagens deverão ser encaminhadas com cópias para terra-quilombo@ cpisp.org. br

Veja as entidades e os endereços eletrônicos das autoridades

Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos
cohreamericas@cohre.org
Comissão Pró-Índio de São Paulo
cpisp@cpisp.org.br
Justiça Global
global@global.org.br
Koinonia Presença Ecumênica e Serviço
territoriosnegros@ koinonia.org.br
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
rede@social.org.br
Balcão de Direitos
Universidade Federal do Espírito Santo
balcaodedireitos_es@yahoogrupos.com.br
Dilma Vana Rousseff
Ministra-Chefe da Casa Civil
casacivil@planalto.gov.br
Josi Antonio Dias Toffoli
Advogado Geral da União
fax: (61) 3344-0243
gabinete.ministro@agu.gov.br
Rolf Hackbart
Presidente do Incra
rolf.hackbart@incra.gov.br


Fonte: afropress.com

IDH Brasil é alto, mas o de negros é apenas médio, diz Paixão

Embora o governo tenha comemorado o fato de o Brasil ter entrado para o grupo de países com alto desenvolvimento humano (IDH), a população negra brasileira não saiu da situação de desvantagem histórica. Apesar da melhora em alguns indicadores como, por exemplo, os educacionais, o IDH branco é elevado e o dos negros continua sendo apenas médio.
Em alguns casos, como no rendimento domiciliar per capita, a desvantagem, inclusive, aumentou: passou de 15,7% para 17,8% favoravelmente aos brancos, no período de 10 anos – de 1.995 a 2005.
As conclusões são do professor Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e constarão do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, a ser divulgado, e foram adiantadas com exclusividade para a Afropress. “Comparando com os indicadores analisados no ano 2000, no qual o hiato em termos de posições era de 60 posições, podemos considerar que ocorreu uma redução de 16 posições, o que é um fato positivo, especialmente por vir se dando dentro de um contexto de debate sobre o tema das ações afirmativas e de políticas de promoção da igualdade racial. Todavia, as distâncias nos respectivos IDHs permanecem pronunciadas”, ressaltou.
O IDH é um ranking do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e é utilizado para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula) longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desenvolvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são considerados de desenvolvimento humano alto.
Pela primeira vez, o Brasil entrou para o grupo de países de "alto desenvolvimento humano", atingindo IDH de 0,800.

Silênciamento
Segundo Paixão, que é economista e coordena o Observatório Afro-Brasileiro, no contexto anterior de silenciamento absoluto sobre o tema, os indicadores das assimetrias raciais brasileiras raramente apresentavam reduções relativas. Entre 1995 e 2005, o IDH dos brancos brasileiros avançou 6,2% (de 0,798 para 0,847) ao passo que dos negros avançou 10,6% (de 0,691 para 0,764).
Assim, em 2005, o IDH branco o situaria na 47ª posição (melhor que o Brasil como um todo em 23 posições), entre a Croácia e a Costa Rica, ao passo que o IDH negro se situaria na 92ª posição, entre a Tunísia e as Ilhas Fidji (pior que o Brasil em 22 posições). “Como se pode constatar, o IDH branco é elevado, ao passo que o negro é apenas médio. Lido por outro ângulo, o IDH dos negros, em 2005, era inferior ao IDH dos brancos dez anos antes”, acrescenta.
O professor da UFRJ explica que aconteceu uma redução das assimetrias (diferenças) em termos de esperança de vida ao nascer cujas diferenças relativas se reduziram de 8,6% favoravelmente aos brancos em, 1.995, para 4,5%, em 2.005. Também em relação aos dados educacionais (analfabetismo e taxa bruta de escolaridade), as distâncias também se reduziram no período. “A taxa de alfabetização dos brancos acima de 15 anos de idade passou de 90%, em 1.995, para 93%, em 2.005. Já entre os negros a taxa de alfabetização de adultos passou de 76%, em 1.995, para 85%, em 2.005. A taxa bruta de escolaridade dos brancos entre 1.995 e 2.005 passou de 78% para 91%, e dos negros, no mesmo período de 68% para 84%.


Fonte: afropress.com