sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Consciência Negra de tod@s nós


Uma nuvem negra se aproxima! Um novo momento se aproxima pra evidenciar que o escurecimento de nossas idéias, postura e atitude são os mecanismos para dar visibilidade às mazelas que afetam o povo preto e que a claridade da ignorância insiste em deixá-la na névoa da omissão.
Entretanto, como diz um desconhecido intelectual do gueto, viemos pra “desconstruir e construir um novo tempo” e reafirmar nosso posicionamento diante de uma sociedade racista e socialmente injusta. Nesse processo, nós militantes da juventude negra – quilombolas, hiphopianos, estudantes, adeptos das religiões de matriz africana, entre outros (as) - temos o compromisso de assumir um papel decisivo na luta contra o racismo, o genocídio e a vulnerabilidade da juventude negra.
Ainda há muito que fazer para conseguimos superar as injustiças, e construirmos uma sociedade igualitária que todos e todas desejamos, entretanto a vitória dessa desmistificação cria assim condições objetivas, de propor e realizar eventos com caráter político e formativo, dando condições junto com outros parceiros e parceiras de discutir as relações raciais no Amapá.
É uma verdade incontestável que essa tarefa não será realizada exclusivamente por entidades da juventude negra, mas sim pela atuação de um conjunto de forças sociais que possam construir um projeto do país na busca da liberdade e da justiça. Nesse sentido faz-se necessário um novo olhar, a redefinição dos conceitos e o resgate da verdadeira história do nosso povo.
É com essa possibilidade que o Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA vem emanar as energias que eclodem da imortalidade de Zumbi dos Palmares e de toda a ancestralidade ampliarão, cada vez mais, a consciência negra neste país.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mês de junho movimentado para a juventude negra

O mês de junho foi bastante movimentado para a juventude negra amapaense. No dia 12 de junho, por meio do Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA foi realizada a etapa estadual do Fórum Nacional de Juventude Negra.
O encontro, que aconteceu na comunidade quilombola de Maruanum, reuniu aproximadamente 180 jovens. Mais uma vez, a juventude quilombola dominou a cena e conseguiu a representatividade de 60% da delegação amapaense.
Com o tema Novos Desafios e Perspectivas da Juventude Negra do Amapá, o FOJUNE teve como objetivo promover um diálogo entre sociedade civil organizada (movimentos sociais) e órgãos institucionais acerca das políticas de promoção da igualdade racial, além de potencializar ações conjuntas entre os governos federal, locais e a sociedade civil, através das organizações juvenis com recorte racial. E também discutir o perfil do Fórum Nacional de Juventude Negra.

Literatura negra em evidência

Outro evento desenvolvido pelo MOAJA se refere à literatura, mas precisamente à literatura negra.
A relação entre arte e identidade no caso da literatura é muito importante, pois através dela pode-se determinar a valorização de certos grupos étnicos. Foi com este foco que o Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA em parceira com Sebo – Cantinho Cultural, realizou no espaço cultural do sebo, a 1ª Mostra de Literatura Negra – Luiz Gama e Machado de Assis.
O evento buscou realizar uma análise da presença do negro na literatura brasileira e como a literatura contribui na construção da identidade da população afro-descedente. Num primeiro momento iremos perceber que as histórias literárias são repletas de negros, entretanto, a presença do elemento afro-brasileiro na literatura ainda é reproduzida de maneira estereotipada. Esse estereótipo permanece associado à animalização, como por exemplo, na figura da Bertoleza, do romance O cortiço (1900), de Aluísio Azevedo. A personagem apresenta um aspecto de suja e sempre atrapalhada nos seus afazeres domésticos. Há também textos literários que valorizam o negro, mas não conseguem desprovê-lo da tendência ao branqueamento.
Por outro lado, vamos encontrar na figura de Luiz Gama um autêntico representante da literatura negra. Ex-escravo, jornalista, advogado e poeta foi um legítimo defensor da causa negra. Em seu poema “A Bodarrada”, o autor assume a identidade negra e se impõe frente à sociedade da época. Luiz Gama se destaca também na luta pela defesa dos direitos dos cidadãos negros ainda ilegalmente escravizados e causa polêmica quando declara que o negro escravizado que mata seu senhor, está praticando um ato de legítima defesa.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Anistia a João Cândido pode ser votada

Brasília – O projeto de anistia póstuma ao marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata,(PL 7198/02), que tramita na Câmara desde 2002, poderá ser pautado para votação na semana que vem, para lembrar a passagem do 13 de maio – data dos 120 anos da Abolição não concluída. A Revolta, ocorrida em 1.910, na Baía da Guanabara, foi em protesto pelos maus tratos que os marinheiros – na sua maioria negros – recebiam dos oficiais. João Cândido é o “Mestre Sala dos Mares”, celebrizado na música de Aldir Blanc e João Bosco.O pedido para que o projeto seja votado foi feito esta semana pelo ministro chefe da Seppir, o deputado Edson Santos, ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Santos esteve com Chinaglia para tratar do tema e também para discutir as estratégias para votação do Estatuto da Igualdade Racial – o PL 6264/05). Ele também convidou Chinaglia para participar de um evento regional preparatório à Conferência de Revisão de Durban, que ocorrerá em junho, em Brasília.O presidente da Câmara aceitou o convite e ficou de dar resposta a reivindicação de pautação do projeto.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O MELHOR DOMINGO DOS ULTIMOS TEMPOS!!!

Depois de assistir "Panteras Negras" no domingo de lazer que tornou um domingo de reflecção minhas palavras são as de Malcolm... aguardo comentarios!!!

“O pior crime que o branco cometeu foi ter-nos ensinado a odiarmo-nos”.
Malcolm X

terça-feira, 13 de maio de 2008

Editorial: Lei Áurea - Igualdade Racial no Brasil só virá em cinco décadas



“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e Ela sancionou a Lei seguinte: Art. 1º – É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário”.

A Lei Áurea, maior marco da história da escravidão no país, completa hoje 120 anos sem ter, no entanto, muito que comemorar. O Movimento Negro no Brasil considera que a medida foi apenas uma conquista na área jurídica, mas não social: os negros – 45% da população atual do país – permaneceram marginalizados e até hoje lutam contra o preconceito.

O estudo “Desigualdade Racial no Brasil”, que deve ser divulgado no início da tarde de hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que nas atuais velocidade e intensidade de implantação de políticas públicas, a igualdade só virá daqui cinco décadas, ou seja, no aniversário de 170 anos da abolição da escravatura.

Enquanto uns vêem grandeza no documento que pôs fim à escravidão no Brasil, outros acreditam que a data apenas jogou os negros nas ruas, sem eira nem beira e sem qualquer condição econômica. Após a abolição, não houve qualquer política pública para integrar os ex-escravos à sociedade.

O Brasil assumiu responsabilidades internas para diminuir as diferenças sociais entre negros e brancos há algum tempo, entretanto, deixa a desejar quando se trata de promovê-las. Essa é a opinião do coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio, que realça a dificuldade do diálogo interno no governo. “Toda política do governo para lograr êxito precisa ter um respaldo da maioria, o que eu percebo no governo Lula é que não parece ser um consenso”, destaca.

“A obra abolicionista não está completa”, concorda Edson Santos, ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República. “Nossos ancestrais negros, embora libertos da escravidão, não receberam da sociedade ou do Estado os instrumentos que lhe permitiriam a verdadeira emancipação”, completa.

Dos cerca de 15 milhões de analfabetos brasileiros, mais de 10 milhões são negros e pardos, segundo dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ensino superior não é diferente: o percentual de estudantes brancos é 34% maior que o de jovens negros ou pardos na faculdade. Além disso, os salários são, em média, 40% maiores na mesma faixa de escolaridade, considerando os rendimentos-hora.

Ainda de acordo com o IBGE, no que se refere à distribuição entre os 10% mais pobres e o 1% mais rico do país os negros ou pardos correspondem a 73% entre os mais pobres e somente a 12% dos mais ricos. Por outro lado, os brancos representam 26,1% da população mais pobre, e quase 86% da classe mais favorecida.

Os negros detêm apenas 25,1% das vagas no quadro funcional das empresas, apesar de representarem 46,6% da população economicamente ativa e 44,7% da ocupada, segundo levantamento do Instituto Ethos e do Ibope Inteligência. A participação do negro se afunila mais nos cargos de chefia: 17,4% na supervisão e 17% na gerência e apenas 3,5% no quadro executivo.

A situação é mais alarmante se observada a participação da mulher. As negras representam 7,4% do quadro funcional, 5,7% da supervisão, 3,9% da gerência, e somente 0,26% do quadro executivo. De acordo com a pesquisa, de cerca de 1,5 mil diretores de empresas, apenas quatro são mulheres negras.

Baixa execução da Seppir

O fim da escravidão não resolveu a questão dos negros brasileiros na opinião do ministro Edson Santos. Ele cita como instrumento de combate ao racismo e conquista da igualdade racial à “SEPPIR, criada com a missão de coordenar as políticas públicas e ações afirmativas para a proteção dos direitos sociais de indivíduos em grupos raciais e étnicos, com ênfase na população negra”.

Entretanto, em 2007, apenas 53% dos R$ 36,6 milhões autorizados a Seppir foram aplicados em programas e ações da pasta. O total gasto, em valores atualizados, equivale a R$ 19,6 milhões da verba autorizada (veja tabela dos últimos cinco anos). Em 2006, a pasta utilizou um valor superior ao registrado em 2007, foram gastos 57% dos R$ 36,6 milhões autorizados, o que equivale a R$ 20,9 milhões.

Dando seqüência a série histórica, em 2005 estavam previstos em orçamento R$ 22,9 milhões para a secretaria, mas foram efetivamente gastos apenas R$ 16,1 milhões. Apesar dos recursos previstos em orçamento terem sido mais baixos em 2004, este foi o ano em que a secretaria melhor utilizou o orçamento, chegando a aplicar 73% dos R$ 20,9 milhões autorizados, ou seja, R$ 15,4 milhões.

A subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir, Gilvânia Silva,
ressalta que também não basta ter espaço no orçamento, é necessário que os estados e municípios tenham iniciativa de solicitar o benefício, e no caso dos ministérios, cobre implementação das ações. “A Seppir não tem o poder de intervir, apenas de tentar convencê-los a aplicar os recursos”, afirma a subsecretária, referindo-se as ações de responsabilidade de outros ministérios.

O negro na literatura

“A abolição não foi capaz de dar voz ao negro na literatura brasileira”, afirma o doutor em Teoria Literária pela Universidade de Brasília Amauri Rodrigues da Silva. O pesquisador analisou romances da época da abolição até a contemporaneidade e acredita que “a literatura ecoa o discurso da história e da antropologia” ao invés de exercer sua “determinação estética”, que é o contraponto e a pluralidade.

O estudo mostra que os personagens negros não possuem falas em primeira pessoa e são moldados de acordo com o que o narrador oferece ao leitor. Mesmo na literatura contemporânea (a partir de 1960) quando o negro aparece, o faz de forma inexpressiva e freqüentemente para tratar de mazelas. “Como se o negro fosse apenas isso”, enfatiza.

Antes da Lei Áurea, outras três leis que beneficiavam os escravos foram aprovadas. A primeira foi a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que determinou o fim do tráfico de escravos para o Brasil. A segunda foi a Lei do Ventre Livre, de 1871 quando foi determinado que os filhos das escravas nascidos a partir da aprovação da lei estavam libertos. Já em 1885, a Lei dos Sexagenários libertou os escravos com mais de 65 anos.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ainda sobre a 10639/03, o 13 de maio e o 20 de nov

Sábado é comemorado o Dia da Abolição da Escravatura e, certamente, as escolas aproveitarão a data para fazer atividades relacionadas ao tema. Segundo educadores, no entanto, esse tipo de trabalho ainda está aquém do que determina a lei federal 10.639, de 2003, que prevê que escolas de todos os níveis ensinem permanentemente história e cultura afro-brasileiras.

Mas por que as escolas não cumprem tal lei? Alguns professores alegam que falta literatura sobre o tema. lá o MEC reclama que poucas secretarias de educação sequer solicitaram o dinheiro de uma linha de financiamento para programas de capacitação de profissionais em cultura afro-brasileira.

Eliane Cavalleiro, coordenadora geral de diversidade e inclusão educacional da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC, conta que o órgão deverá dispor de R$ 7 milhões este ano para aplicar em programas de capacitação e distribuição de material.

— As escolas não levam essa temática para a sala de aula. Só falam da cultura afro-brasileira no 13 de maio e em 20 de novembro e tratam como um tema cultural, não como conteúdo obrigatório. O MEC, por exemplo, já editou três livros didáticos sobre o assunto.

Segundo a lei, as escolas devem ensinar a História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política. O assunto pode ser inserido em todas as disciplinas dos ensinos fundamental e médio. Coordenador da ONG Educafro, frei David dos Santos lamenta a postura das escolas:

— O Brasil vive um momento rico, quer valorizar a diversidade, própria de sua existência. A escola brasileira segue o padrão eurocêntrico e isto já é "tão normal" que as pessoas não percebem que estão marginalizando outros importantes setores culturais brasileiros.

Para o professor de história Jorge Bahiense, que está preparando um livro sobre cultura africana no Brasil, as escolas deveriam abordar o tema de forma mais crítica, relacionando fatos históricos à realidade afro-brasileira. Bahiense diz que muitos colégios ainda não deram prioridade ao assunto:

— Acho que muitas escolas só vão mudar de postura quando os vestibulares cobrarem o tema efetivamente. As bancas já fazem questões sobre escravidão, mas não com a riqueza que o assunto oferece.

Coordenador do vestibular da UFRJ, Luiz Otávio Teixeira Mendes Langlois diz que a universidade já aborda o tema com uma visão crítica:

— Seguimos esta linha há bastante tempo. Talvez as escolas não tenham percebido nosso recado.

terça-feira, 6 de maio de 2008

XII MARCHA NOTURNA

A
Marcha Noturna
Nos últimos doze anos, sempre no dia 12 de maio, a comunidade negra se reúne para celebrar seu histórico de resistência, percorrendo ruas do centro da cidade que marcaram a trajetória da população negra na luta pela conquista do direito à liberdade. Através da memória de importantes personalidades negras, destacando-se aqui o Padre Batista e de espaços que se confundem com a história dos negros na capital paulista, a Marcha pretende consagrar a resistência histórica da comunidade negra e erguer as bandeiras da luta negra contemporânea.
A Marcha Noturna inicia o primeiro minuto do dia 13 de maio como um protesto contra o racismo e todas as formas de discriminação.
O percurso da Marcha tem sido o mesmo nestes últimos doze anos, privilegiando a passagem por importantes pontos históricos.
A Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, ponto de partida da Marcha, fica na Rua do Carmo, esquina com a Rua Tabatinguera “nome indígena de origem Caiubi”, é historicamente conhecida por ser o local onde escravos “rebeldes” e condenados recebiam as últimas “bênçãos” antes de serem executados.
A Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, é o local que o Padre Batista foi capelão e iniciou o seu trabalho com crianças e adolescentes de rua, sendo a mesma tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo.
Depois, a Marcha prossegue pela Praça Clóvis Bevilácqua, Praça da Sé (onde havia um Pelourinho no século XVII). Também é local que o Padre Batista trabalhou como padre na Catedral da Sé e desenvolveu um grande trabalho com crianças e adolescentes de rua e muitas vezes protegendo-os da violência policial, seguindo pela Rua Roberto Simonsen, Rua Venceslau Brás (sede do Instituto do Negro Padre Batista), Rua Quinze de Novembro (que antigamente tinha o nome de Rua do Rosário dos Homens Pretos).
Em seguida a Marcha chega a Praça Antonio Prado, antigo Largo do Rosário, onde em 1724, foi construída a Igreja de Nossa senhora do Rosário dos Homens Pretos, que possuía um cemitério para o enterro de pessoas negras, permanecendo neste local até o final do século XIX.
O trajeto segue pela Avenida São João, Rua Líbero Badaró, Viaduto do Chá e Praça Ramos de Azevedo, local que fica o Teatro Municipal e em 1978, foi lançado em suas escadarias o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial.
O caminho continua pela Rua Conselheiro Crispiniano, chegando, enfim, ao Largo do Paissandu, onde atualmente está localizada a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (que foi transferida no início do século XX da Praça Antonio Prado e inaugurada em 1904), local que termina a Marcha em homenagem à luta e a resistência desta igreja, desde o período da escravidão até os dias de hoje.

HISTÓRICO
Nestes 12 anos, a Marcha noturna reuniu milhares de pessoas e levou às ruas diversas reivindicações, segue um breve resumo de cada uma das marchas:
A I Marcha Noturna ocorreu em 1997 e teve como tema: NEGROS NAS RUAS NA MADRUGADA DO 13 DE MAIO, sendo promovida e idealizada pela Subcomissão do Negro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção São Paulo e teve a adesão de várias entidades do movimento negro. Nesta primeira edição foi Fixado o simbolismo, o objetivo de denúncia do racismo existente no país e a necessidade de implantação de políticas públicas, bem como o resgate dos heróis anônimos afro-brasileiros. Foi escolhido, como ponto final da marcha a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em face da luta desta irmandade e resistência do povo negro com o nosso passado de luta por Zumbi e pelo Batalhão do Paissandu.
A partir de 1998, a Marcha Noturna pela Democracia Racial passou a ser organizada pelo Instituto do Negro Padre Batista. A II Marcha enfocou A LUTA CONTRA O DESEMPREGO, A MISÉRIA E A FOME dos afrodescendentes, que, conforme dados estatísticos, são as maiores vítimas da política de exclusão vivenciado pelo Brasil. Neste ano, houve uma ampliação das entidades participantes, integrando-se sindicatos patronais e de empregados, empresários, artistas, parlamentares, associações e vários outros seguimentos da sociedade civil.
A III Marcha refletiu a permanência da crise sócio-econômica brasileira, daí o tema: DESEMPREGO E RESISTÊNCIA – 500 ANOS DE EXCLUSÃO DO NEGRO NO BRASIL. Neste ano de 1999, o percurso inicial foi alterado em razão da decisão de resgatar os espaços históricos e sagrados para a formação do povo paulistano, assim, a saída foi da Igreja da Boa Morte, que guarda o lamento dos escravos condenados, que antes de sua execução, passavam por ela a fim de expressar a Nossa Senhora um último desejo: uma boa morte.
A IV Marcha teve como tema: NOSSOS 500 ANOS DE RESISTÊNCIA NEGRA, mostrando nossa capacidade de resistir e lutar contra a opressão ao longo dos 500 anos, quando então, inserimos, na liturgia da Marcha Noturna “banner’s” homenageando nossos heróis e heroínas negros.
A V Marcha, realizada em 2001, teve como tema: NEGRITUDE A CAMINHO NO TERCEIRO MILÊNIO EM BUSCA DE EDUCAÇÃO , MORADIA, SAÚDE, TRABALHO E TERRA, revelando o resgate do ideal da utopia quilombola, que nos permitiu resistir à escravidão e demonstrar ao longo de 500 anos a nossa capacidade permanente de sobreviver ao racismo, à opressão e às desigualdades econômicas e sociais na busca de uma sociedade fraterna multicultural e com igualdades de oportunidades para todos os cidadãos.
A VI Marcha, realizada em 2002, teve como tema: POLÍTICAS AFIRMATIVAS JÁ! Ressaltando a importância das políticas afirmativas já delineadas desde meados dos anos 60 por Martin Luther King, o qual defendia a criação de leis anti-racistas nos EUA, no sentido de que o negro fosse respeitado. A adoção imediata de medidas afirmativas efetivas garantiria que as versões futuras da Marcha conduzidas por nossos filhos e netos encontrem uma sociedade mais justa e igualitária como palco de homenagens aos nossos antepassados.
A VII Marcha, realizada em 2003, teve como tema: NEGROS, BRANCOS, INDÍGENAS, ORIENTAIS UNIDOS PELA PAZ, depois de muita luta, pudemos visualizar algumas conquistas significativas. Neste ano foram empossados quatro ministros de estado negros. Também foi criada a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, e ainda, empossado o primeiro negro a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Neste mesmo ano, uma coalizão anglo-americana resolveu, de forma absolutamente unilateral e contra a orientação da ONU, invadir o Iraque, ocasionando o massacre de civis inocentes que poderia ser evitado através do diálogo. Desta forma o tema desta Marcha baseou-se na defesa da paz e da justiça entre os povos.
A VIII Marcha, realizada em 2004, teve como tema: CIDADANIA QUILOMBOLA. Os quilombos surgiram a partir da reunião de homens e mulheres que não se conformavam com a escravização de negros e índios impostas pelos europeus nas Américas. Rememorando esta luta, foi escolhido este tema, com a finalidade de homenagear os homens e mulheres quilombolas que, já no início da formação da sociedade brasileira, lutavam pela reconquista de sua liberdade e apesar de ter seus direitos garantidos na Constituição Federal, ainda hoje lutam pela titulação de suas terras.
A IX Marcha, realizada em 2005, teve como tema: BASTA DE VIOLÊNCIA QUEREMOS A PAZ! O tema foi escolhido devido à tamanha violência, somada a outros instrumentos do racismo estrutural, que afeta sobremaneira a construção identitária dos negros e negras deste país. Ao marcharmos contra a violência, pelo fim do racismo, pela igualdade e pela paz, reivindicamos dos governos o combate à pobreza, investimentos efetivos na educação, promoção de lazer às crianças e jovens, acesso democrático às novas tecnologias e democratização dos meios de comunicação.
A X Marcha, realizada em 2006, teve como tema: COTAS, AFIRMANDO DIREITOS E CONSTRUINDO POLÍTICAS PÚBLICAS. Diante da ampla discussão a respeito das políticas de ações afirmativas, que reconhecem a necessidade de inclusão no ensino superior e no mercado de trabalho, as populações historicamente excluídas – indígenas, negros, mulheres, homossexuais e portadores de deficiência - tornaram-se sujeito de um debate nacional, focado principalmente na implementação de COTAS para negros e estudantes de escolas públicas nas universidades federais e estaduais.
A XI Marcha, realizada em 2007, teve como tema: O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA. Diante de um grande numero de mortes de jovens negros e de números estatísticos gritantes, a comissão organizadora da Marcha, escolheu este tema para chamar a atenção da sociedade brasileira e ao mesmo tempo cobrar das autoridades medidas concretas para acabar com este genocídio. Os dados do Mapa da Violência de 2006 situam o Brasil em 3º lugar no assassinato de jovens, num ranking de 84 países. Dentre os jovens assassinados, jovens negros tem o maior índice de vitimação, 85,3%, superior aos jovens brancos. Além disso, o estudo apontou que o que o crescimento do número de homicídios nas últimas décadas no Brasil, explica-se exclusivamente pelo aumento de homicídios contra a juventude.

XII Marcha Noturna
Na XII edição da Marcha Noturna o tema será: 120 ANOS DE FALSA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA - PELA APROVAÇÃO DO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL. Assinada em 13 de maio de 1888 com o intuito de extinguir a escravidão no Brasil, neste ano de 2008, a Lei Áurea completa 120 anos. Sua assinatura foi decorrência de pressões internas e externas: o movimento abolicionista já tinha grande força no país, haviam frequentes fugas de negros, o exército já se recusava a fazer o papel de capitão-do-mato. Além disso, estava se tornando economicamente inviável manter o trabalho escravo, em face da concorrência com a mão-de-obra imigrante, barata e abundante. O Brasil foi o último país independente do Ocidente a erradicar a escravatura. A Constituição do Império, outorgada em 1824, embora mais liberal do que várias outras Cartas monárquicas, mantinha a escravidão usando de um subterfúgio hipócrita: declarava o respeito aos direitos de propriedade, ao mesmo tempo que empregava, em certas passagens, a expressão "homens livres", o que dava a entender que nem todos eram livres, e que era legítima a propriedade sobre os não-livres.
De fato, com a abolição, mantinha-se não só a desigualdade econômica e social entre brancos e negros, mas principalmente a ideologia que definia bem a diferença entre os dois e reservava ao negro uma posição de submissão. O processo de passagem da condição de escravo para a de cidadão foi feito de maneira errada e sem se pensar o que fazer com o contingente de trabalhadores livres. De um dia para o outro, negros e negras foram declarados livres e após a abolição encontravam- se sem abrigo, trabalho e meios de subsistência. Mesmo sendo forçado, no trabalho havia a possibilidade de subsistência. Com a libertação, não se considerou a necessidade de proporcionar- lhes meio de sobrevivência, como posse da terra para sua fixação. Sem direito a terra, estava decretado o primeiro passo para sua marginalização e desfavorecimento. Após a abolição, a população negra parte das senzalas para as margens sociais e econômicas da sociedade. Permanecendo nas fazendas, ou migrando para os centros urbanos, a possibilidade de renda para os negros e negras verificou-se quase nula, sendo os salários quase sempre aviltados devido a grande oferta da força de trabalho.
Nesse contexto, se dá o processo de favelamento urbano e a disseminação de doenças, devido às péssimas condições de vida. Também cresce neste período a repressão policial contra a população negra.
Com o predominância do capitalismo, a população negra, vitima das consequências sociais do racismo, fica à margem do processo ou é utilizado em serviços pesados. Essa situação se reflete, para a população negra, não apenas economicamente, mas leva a um processo de marginalização social, já que preconceito e discriminação ganham, então, novos significados e espaços de atuação, voltados para a defesa desta estrutura de privilégios.
Na sociedade contemporânea, mesmo disfarçado, o racismo ainda é a forma mais explicita de discriminação na sociedade brasileira. Isso se verifica facilmente ao analisarmos dados das áreas da saúde e da educação, nos indicadores econômicos e no acesso ao saneamento básico.
Diante desta realidade, a coordenação da XII Marcha Noturna, em consonância com o movimento negro e a população negra brasileira, defende a implementação de políticas publicas que atinjam de forma frontal este problema, bem como uma legislação que combata a desigualdade e garanta o acesso à cidadania. Com efeito, elegemos conjuntamente com o tema dos 120 anos de abolição a bandeira PELA APROVAÇÃO DO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL.
O Estatuto da Igualdade Racial trata-se de um conjunto de leis que visa garantir os direitos fundamentais da população negra brasileira. Dispõe sobre um conjunto de políticas públicas de superação da desigualdade racial, entre eles:
- acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde dessa parcela da população;
- respeito às atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer, adequadas aos interesses e condições dos negros brasileiros;
- garantia dos direitos fundamentais das mulheres negras;
- reconhecimento do direito à liberdade de consciência e de crença e da dignidade dos cultos e religiões de matriz africana praticadas no Brasil;
- instituição de políticas de inclusão social, buscando corrigir as desigualdades raciais que marcam a realidade brasileira;
- direito à propriedade definitiva das terras aos remanescentes de quilombos;
- veiculação, pelos meios de comunicação da herança cultural e a participação dos negros brasileiros na história do país;
- criação de ouvidorias, garantindo às vítimas de discriminação racial o direto de serem assistidas;
- implementação de políticas voltadas para a inclusão de negros no mercado de trabalho;
- criação de um fundo nacional de promoção da igualdade racial, que tem por objetivo garantir a implementação das presentes no estatuto.

Desta forma, o Estatuto da Igualdade Racial tem por objetivo primeiro, ocupar um espaço vazio no tocante a legislação voltada aos negros brasileiros, garantindo a existência de um mecanismo legal que dê conta das demandas apresentadas por esta população. De fato, fortalece o debate da igualdade, contribuindo para a inclusão de grupos discriminados, a partir de uma perspectiva de igualdade.

OBJETIVO
A XII Marcha Noturna e semana Padre Batista de combate à discriminação racial tem como objetivos:
- Resgatar a memória de importantes personalidades negras e de espaços que se confundem com a história dos negros na capital paulista;
- Consagrar a resistência histórica da comunidade negra e erguer as bandeiras da luta negra contemporânea;
- Denunciar o racismo presente na sociedade brasileira e chamar a atenção da população para as ações voltadas a promoção da igualdade racial de oportunidades;
- Discutir com organizações dos movimentos sociais negros, de mulheres negras e demais movimentos, entidades e pessoas a construção de ações que visem a igualdade racial de oportunidades;
- Promover um momento de reflexão em relação ao combate a intolerância;
- Trabalhar as principais bandeiras de luta do movimento negro.
- Consolidar a Marcha Noturna como momento de celebração e luta da população negra.

PROGRAMAÇÃO E CRONOGRAMA
Dia 12 de maio de 2008
17h – Inicio das atividades.
18h – Ato cultural, em frente à igreja Nossa Senhora da Boa Morte.
20h30 – Entrega do prêmio Padre Batista de combate à discriminação.
21h – Ato inter-religioso.
22h – Inicio da Marcha Noturna.
23h345– Chegada ao Largo do Paissandu e Ato final.
00h – Abraço coletivo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
00h10 – Término da Marcha.

ROTEIRO DA MARCHA
- Rua do Carmo / Igreja Nossa Senhora da Boa Morte.
- Praça Clóvis Bevilácqua.
- Praça da Sé.
- Rua Roberto Simonsen.
- Rua Venceslau Brás.
- Rua Quinze de Novembro.
- Praça Antonio Prado.
- Avenida São João.
- Rua Líbero Badaró.

sábado, 3 de maio de 2008

Ministro Gilberto Gil inaugura Ponto de Cultura na Comunidade de Curiaú


Em uma visita inédita no estado do Amapá, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, inaugurou um Ponto de Cultura na Comunidade de Remanescentes do Quilombo de Curiaú. A solenidade foi realizada nesta última semana. Na ocasião, o ministro Gil afirmou que o Ministério da Cultura levará seus recursos cada vez mais para as comunidades distantes e carentes.

"Nós encontramos nessa região um dos braços mais importantes da vida cultural do Brasil. Achamos uma cultura viva, dinâmica, feita e compartilhada por todos. É obrigação do Ministério da Cultura propagar essa cultura para todas as regiões brasileiras", ressaltou.

O governador interino do Amapá, Pedro Paulo Dias, disse que a comunidade é um dos elementos mais representativos da diversidade cultural amapaense. "Nosso estado vive um grande momento, com significativos avanços nos seus mais variados setores, entre eles o cultural. Grande parte desse sucesso deve-se à união de forças na busca de transformar nossos sonhos em realidade."

"O Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura estimula a criatividade, potencializando desejos e criando um ambiente propício ao resgate da cidadania pelo reconhecimento da importância da Cultura produzida em nosso Quilombo", enfatizou a presidente da Associação dos Moradores do Quilombo do Curiaú, Josineide Araújo. Na sua opinião, a implantação do Ponto de Cultura assumirá a cultura local e a cidadania, incentivando, preservando e promovendo a diversidade cultural do Quilombo de Curiaú e demais quilombos situados no estado.

Para o presidente do Conselho das Comunidades Afro-descendentes do Estado do Amapá, José Araújo Paixão, o reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombolas propiciará condições para que seja implantada política pública de inclusão cultural e social. "Com a inauguração desse Ponto de Cultura podemos demonstrar a força do poder público de preservar a diversidade cultural", declarou.

Coletiva à Imprensa

Após a inauguração, o ministro da Cultura reuniu-se com cerca de 15 representantes de lideranças quilombolas na sede do Conselho das Associações de Moradores das Comunidades Afro-descendentes do Estado do Amapá, onde foi concedida entrevista à imprensa.

Durante a coletiva, Gilberto Gil afirmou que o Programa Mais Cultura ajudará o Amapá a se projetar nacionalmente. "A finalidade imediata do Mais Cultura é levar programas e projetos aos locais mais distantes. Por exemplo, instalar bibliotecas nos municípios que ainda não tenham esse equipamento, instalar mais Pontos de Cultura."

O ministro Gil também explicou que o ministro Mangabeira Unger vem tentando trazer uma nova dimensão de desenvolvimento para a Amazônia, "uma nova dimensão para o fortalecimento do empreendedorismo local, capacitação da Amazônia para compartilhar novas tecnologias, novos modelos de negócios. Tudo isso deverá, na medida em que seja devidamente implantado na Amazônia, impactar o fator cultural na região e no Brasil". E completou afirmando que "isso é um trabalho para uma sucessão de governo. Como o professor Mangabeira costuma dizer: é preciso ter marcos e processos iniciais que antecipem e que sejam uma prestação, paga agora, desse futuro amazônico no Brasil e desse futuro brasileiro na Amazônia".

Conselho - Há cinco anos, o Conselho das Associações de Moradores das Comunidades Afro-descendentes do Estado do Amapá atua em 32 comunidades quilombolas, com ações de apoio para o fomento de projetos de geração de renda e para demarcação e regularização de terras de comunidades remanescentes de quilombos no estado. A Fundação Cultural Palmares - instituição vinculada ao MinC que promove o reconhecimento das terras ocupadas por remanescentes de quilombos - já emitiu 11 certidões de reconhecimento desses grupos sociais no estado.

domingo, 6 de abril de 2008

Ministro relator vota pelas cotas e sessão do STF é suspensa

Brasília - “Essa é uma técnica de compensação jurídica, uma forma de quebrar a hegemonia e colocar a sociedade nos eixos em condição de horizontalidade”. A declaração foi feita pelo ministro Carlos Ayres Britto ao anunciar nesta quarta-feira (02/04) seu voto favorável às Ações Afirmativas no julgamento da ADI 3330, movida pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN). É a primeira vez que o STF - a mais alta Corte do país - aprecia uma ação desse tipo.
A ação dos proprietários das escolas privadas questiona o sistema de cotas para negros, indígenas e portadores de necessidades especiais, bem como para alunos da rede pública, estabelecido pela legislação que criou o Programa Universidade para todos (Prouni) – Lei 11.906/2005.
O ministro relator destacou a essencialidade da Educação e a importância das Ações Afirmativas. “A diferenciação colocada pela lei 11.906 não ofende a Constituição. Muito pelo contrário, faz valer o princípio da igualdade que ela prevê”, afirmou o ministro Ayres de Brito. Os anti-cotistas alegam que a reserva de vagas no ensino superior para preenchimento com base em critério racial seria inconstitucional.
Logo após o voto do relator, o ministro Joaquim Barbosa pediu vistas ao processo, o que para alguns analistas indicam que, como Barbosa é sabidamente favorável as Ações Afirmativas, pode ter sido uma forma de evitar uma decisão desfavorável. A tese foi reforçada ainda pelo fato de que, esperava-se que a ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal, antecipasse o seu voto favorável, como ocorreu no caso do uso das células tronco, o que não aconteceu.

Discriminação positiva
Na defesa das ações afirmativas, atuou a Conectas Direitos Humanos, entidade majoritariamente formada por brancos anti-racistas, recebida como "amicus curiae" no processo. "Amicus curiae" ou Amigo da Corte ou também amigo do tribunal (amici curiae, no plural) é uma expressão em Latim utilizada para designar uma instituição que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto.
“Utilizar os critérios de pobreza, raça e origem escolar não para discriminar negativamente, mas para favorecer a fruição de direitos em igual medida por todos os grupos da sociedade é absolutamente compatível com o princípio constitucional da igualdade”, afirmou Oscar Vilhena Vieira, diretor jurídico da organização, que fez a defesa oral durante o julgamento, que deverá ser retomado em nova sessão, sem data prevista.

Fonte: afropress.com

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Só a letra diz tudo... isso é... SIMPLEs REPortagem!!!

A INTERNACIONAL

De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.

Cortai o mal bem pelo fundo.
De pé de pé, não mais senhores.
Se nada somos em tal mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!

Senhores, patrões, chefes supremos.
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum.

Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito.
Façamos nós com nossas mãos,
Tudo o que a nós nos diz respeito!

O Crime do rico a lei o cobre!
O estado esmaga o oprimido!
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.

A opressão não mais sujeitos.
Somos iguais todos os seres!
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Abomináveis na grandeza.
Os reis da mina e da fornalha,
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha.

Todo o produto de quem sua,
A corja rica o recolheu!
Queremos que nos restituam.
O povo quer só o que é seu!

Nós fomos de fumo embriagados.
Paz entre nós, guerra aos senhores.
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos trabalhadores!

Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais,
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais!

Pois somos do povo os ativos.
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a terra aos produtivos.
Ó parasita deixa o mundo!

Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar.
Se nos faltarem os abutres,
Não deixa o sol te fulgurar.

Bem unidos façamos
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A internacional!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dia Nacional da Umbanda

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, na última quarta-feira (19), o Projeto de Lei 5687/05, do deputado Carlos Santana (PT-RJ), que institui o Dia Nacional da Umbanda, a ser comemorado anualmente. No dia 15 de novembro. O projeto, aprovado em caráter conclusivo, segue agora para análise do Senado Federal.

O relator, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), defendeu a aprovação da matéria, afirmando que, entre várias religiões existentes no Brasil, destaca-se a umbanda. Isso tudo, com olhares atentos de um grande número de adeptos presentes principalmente dos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Carlos Santana lembra que, no Brasil, a Constituição garante a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos.

História
A umbanda é uma religião sincrética tipicamente brasileira, formada a partir de vários elementos da cultura religiosa nacional, como catolicismo, espiritismo e cultos africanos. O sincretismo resultou da proibição imposta pelos senhores de escravos aos cultos tipicamente africanos.

Existem diversas ramificações da umbanda no Brasil, de acordo com a região. Entre as várias vertentes destacam-se a Umbanda de Caboclo, de influências indígenas; a Umbanda Omolokô, de origem africana; a Umbanda Esotérica ou Iniciática, resultado de influências esotéricas; e a Umbanda Popular, que mistura várias das tendências anteriores.


Fonte:www2.camara.gov.br

segunda-feira, 24 de março de 2008

Movimento negro realiza debate no Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial


Aconteceu na tarde do dia 21 de março, no auditório da UEAP, um debate para marcar a passagem do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Aproximadamente 40 pessoas participaram da discussão, que provocou uma reflexão sobre a discriminação racial, seus desdobramentos e os mecanismos para combatê-los na sociedade. Este foi o propósito do evento organizado pelo Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA.
Com o tema, “Discriminação Racial – uma abordagem antropológica, jurídica e cultural deste fenômeno na sociedade brasileira”, o evento contou com as presenças de Alzira Nogueira, Socióloga e Assistente Social que atua no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), que cuida de pessoas vivendo e convivendo com Aids; Jéferson Fernando Celos, Mestre em Direito e professor universitário; e Ivamar Santos (Instituto de Política e Ação Social). Além de militantes da causa negra e movimentos sociais como Jorge Afonso, jornalista e professor; Marco Antônio Marques, professor, João Ataíde, escritor e militante cultural, dentre outros.

Durante o evento foram apontados alguns encaminhamentos que o movimento negro deve colocar na pauta de discussão de suas causas. Uma delas é a implementação de cotas nas universidades públicas. E a outra se trata da realização de um debate com os/as candidatos/as a prefeito dos municípios do estado sobre um programa de ações de promoção da igualdade racial.

Também ficou definido no debate que no dia 28 e 30 de março os movimentos se reunirão para discutir e propor mecanismos para a implementação do sistema de cotas nas universidades locais.

sexta-feira, 14 de março de 2008

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA BASTA!


“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar,as pessoas precisam aprender,e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”(Nelson Mandela)

No Brasil, através da Constituição, temos leis que garantem a liberdade religiosa. Somos um país de várias religiões, mas as religiões de origem africana, assim como tudo que vem da África ou do povo negro, é discriminado: por segmentos da sociedade, alguns veículos da mídia e por adeptos de outras religiões.

Segundo o artigo 5º, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A PRIMEIRA MULHER PRETA JORNALISTA E FEMINISTA


Maria W. Stewart foi provavelmente a primeira mulher preta jornalista e feminista e escrevia o que a sociedade escravocrata branca não queria ouvir.
Defendia a emancipação das mulheres pretas que deveriam estudar e terem uma vida ativa fora das obrigações impostas pela sociedade de viverem presas ao lar. Incentivando as mulheres a não serem dependentes de homens e, para iniciar seu próprio negócio e confiar apenas nelas mesmas para tomar as suas decisões na sociedade.

Lembrar de Maria W. Stewart nas lutas do povo preto especialmente no antiescravismo, abolicionismo e feminismo é de suma importância, especialmente pela sua coragem e determinação, de levantar a sua voz dentro da América escravista há 176 anos. Mulher corajosa que serve de exemplo para os homens e mulheres pretas.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O luxo e a pobreza no desfile da Beija-Flor


Todos nós afro-macapaenses ficamos bastante ansiosos com o desfile da Beija-Flor de Nilópolis, pois com a homenagem cujo enredo Macapaba: Equinócio Solar - Viagem Fantástica ao Meio do Mundo iria evidenciar Macapá para o Brasil inteiro e o exterior.

A expectativa era grande. Telões distribuídos em vários pontos da cidade faziam a população ir para a rua para assistir ao desfile. Chega o momento tão esperado e tamanha foi nossa frustração ao ver que a presença da comunidade negra de Macapá foi omitida em plena passarela do samba. Em meio à riqueza dos detalhes das alegorias e do luxo das fantasias eu vi e percebi a invisibilidade da maioria da população da capital do estado do Amapá na Sapucaí.

De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005 – Racismo, Pobreza e Violência do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a população do Amapá é composta de 76,6% de negros e mestiços e a maioria deste contingente populacional habita em Macapá. Mais que isso. A capital do estado do Amapá é caracterizada culturalmente pelo Marabaixo e Batuque – manifestações de origem africana.

Em Macapá existem mais de vinte comunidades quilombolas como Curiaú, Campina Grande, Maruanum, Conceição do Macacoari, Mel da Pedreira e Porto da Pedreira, esta originada a partir de um naufrágio de uma embarcação que trazia negros para carregarem pedras para a construção da Fortaleza de São José de Macapá, que por sinal, um dos motivos da presença africana na região foi para a construção do forte. Diga-se de passagem, que recentemente a Fortaleza foi eleita, em pesquisa nacional, como a primeira maravilha do Brasil e, como observa meu parceiro Branco, na propaganda de governo divulgando o feito não se vê nenhuma menção ao sangue e suor derramados do nosso povo que construiu a fortificação.

Voltando ao desfile da Beija-Flor, percebemos que a cerâmica Maracá/Cunani muito bem representada na ala das baianas, porém a produção Maracá/Cunani não ocorre no município de Macapá. Por outro lado, não vimos, por exemplo, o enredo citar o artesanato das louceiras da comunidade do Maruanum, arte esta que demonstra a relação harmônica entre ser humano e natureza. Mas não é somente isso, a produção das louças do Maruanum revela uma ritualística essencialmente africana, iniciando na separação da argila e que culmina com a oferenda de uma louça à “Vó do barro”. Além disso, não podemos falar das características de Macapá sem citar o marabaixo do Laguinho e da Favela; o batuque de guerra do Curiaú; o Encontro dos Tambores; ou de personalidades como Mãe Luzia, Julião Ramos, Gertrudes e Sacaca.

Infelizmente a agremiação de Nilópolis optou por nortear seu enredo pela velha e tradicional visão de que a Amazônia é um universo extremamente distante do resto do país, habitada predominantemente por populações indígenas, marcada por florestas densas e animais selvagens, ratificando com isso o olhar impregnado de preconceito do restante do país em relação à presença negra na parte setentrional do Brasil.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

PENSANDO EM NÓS


"Depois do egípcio, do indiano, do grego e do romano, do germânico e do mongol, o negro é uma espécie de sétimo filho, nascido com um véu e presenteado com uma percepção neste mundo americano – um mundo que não lhe permite nenhuma auto-consciência real, mas só o deixa ver a si mesmo através da revelação do outro mundo. É um sentimento particular, esta dupla consciência, esta sensação de sempre olhar para o seu eu através dos olhos dos outros, de medir a sua alma com a trena de um mundo que o observa com divertido desprezo e piedade. Sua dualidade é constantemente sentida – um americano, um negro; duas almas, dois pensamentos, dois esforços inconciliáveis; dois ideais em guerra em um só corpo escuro, cuja força tenaz é apenas o que o impede de se dilacerar.

A história do negro americano é a história deste conflito - este anseio de chegar a uma natureza humana auto-consciente para fundir este eu duplo num melhor e mais verdadeiro eu".

Apenas um desabafo em sensações poeticas!!!

UMA ÁFRICA ESTAR SENDO GERADA NO BRASIL


Inep lançará livros no Fórum da Consciência Negra


O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai lançar quatro livros sobre a questão racial brasileira durante a programação do I Fórum Nacional da Consciência Negra na Educação que será realizado no Centro Cultural e de Exposições de Maceió, no período de 28 deste mês a 1° de março. Na ocasião, o instituto vai discutir as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Segundo o coordenador do setor de Distribuição e Eventos do Inep, José Fernandes Júnior, serão lançados os livros Identidade Fragmentada – Um estudo sobre o Negro na Educação Brasileira (1993–2005), de Renísia Cristina Gárcia; Educação e Ações Afirmativas: Entre a Injustiça Simbólica e a Injustiça Econômica, de Petronilhia Beatriz Gonçalves e Silva e Valter Roberto Silvério; Negro e Educação: linguagens, educação, resistência e políticas públicas, de autoria de Iolanda de Oliveira, Márcia Ângela de Aguiar, Petronilhia Beatriz Gonçalves e Silva e Rachel de Oliveira e Negro, e Educação: escola, identidade, cultura e políticas públicas, também de Petronilhia Beatriz Gonçalves e Silva.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

EXISTIA RACISMO ANTES DE CRISTO???

Faraós negros

Um capítulo esquecido da história fala de um tempo em que reis do interior da África conquistaram o Antigo Egito

Uma equipe de arqueólogos franceses e suíços descobriu um conjunto de estátuas ancestrais, reminiscentes dos chamados faraós negros, no norte do Sudão. Os arqueólogos da Universidade de Genebra encontraram uma cratera repleta de grandes monumentos e estátuas ricamente esculpidas e que pertencem ao período dos reis de Núbia, na África Oriental, também conhecidos como os faraós negros.

O chefe suíço da expedição arqueológica, Charles Bonnet, disse que o achado era de uma importância mundial. Os faraós negros governaram o poderoso império de Núbia que se estendia pelo vale do Nilo há 2.500 anos. O poço, que abrigava o tesouro arqueológico, está localizada entre as ruínas de alguns templos situados nas margens do Nilo.

As estátuas dos faraós negros são lisas e brilhantes, ricamente esculpidas e feitas de granito. O nome do rei está gravado na base e nas costas de cada escultura. Seus domínios eram conhecidos como o Reino de Kush. Eles controlavam as rotas comerciais mais valiosas às margens do rio Nilo.

O mundo da antiguidade não conhecia o racismo. Na época em que Piye realizou sua histórica conquista, o fato de sua pele ser escura era irrelevante. Obras de arte da Antiguidade - do Egito, da Grécia ou de Roma - revelam escuramente percepção das características raciais e dos tons de pele, mas há poucos indícios de que a cútis mais escura era vista como sinal de inferioridade.

Somente quando as potências coloniais ocuparam a África, no século 19, os estudiosos ocidentais passaram a atribuir importância, de modo pejorativo, à cor dos núbios.

A grande questão é: existia ou não racismo antes de cristo???

Mas antes teria naquela época negros que comandavam grandes reinados e batalhas no Egto???

Diferente do que contam e mostram os livros teria a Rainha Tiye avó de Tutankhamon antepassados núbios???

<<<nos negros e negras descendentes de africanos, seus olhos, boca e nariz retratam muito bem a fisionomia de um africano... tendo ainda suas artimanhas para guerrias e lutar por respeito e liberdade.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

PROJETO ABRA! OS OLHOS VOCÊ É SUJEITO DE DIREITOS


O IMENA, Instituto de Mulheres Negras do Amapá, em parceria com a Articulação de Nacional de Mulheres Negras – AMNB e Grupo de Trabalho Amazônico – GTA apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos, promoverá o Lançamento do “Caderno Abra os Olhos! Você é Sujeito de Direitos” e Seminário: “Direitos Humanos e violência Institucional”.

O evento tem como objetivo dar visibilidade á violência institucional vivenciada cotidianamente pelas comunidades negras do Amapá, assim como despertar na população negra, a iniciativa política, no sentido de articular, e dialogar com o poder publico para promover a esse segmento condições básicas para a existência cidadã

No dia 14 de fevereiro na Biblioteca Açucena localizada na Av. Professora Cora de Carvalho , 579, bairro central, Macapá, Amapá dentro da Sede do imena aparti das 18h acontecerar o lancamento da Cartilha do projeto com atração cultural por conta do Afro Ritmos e Batuque da Comunidade do Coração e no dia 15 de fevereiro só que no Auditório da Universidade Estadual do Amapá localizado na Av. Presidente Vargas, Centro das 7:30h às 14h acontecera o seminário a participação é gratuita e o número de vagas é limitado.

faça sua inscrição, na sede do IMENA : Av. Professora Cora de Carvalho , 579, bairro central, Macapá, Amapá. Informações: 3222-4385 /91173830/99725654 Lorena e Jucineide / e-mail: imena@uol.com.br

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Exaltação ao pioneirismo da cultura negra


Quando falamos da construção da identidade do povo brasileiro a presença africana possui um espaço de destaque nesse contexto, pois mesmo atravessando o oceano em condições subumanas, os africanos encontraram uma forma para introduzir suas raízes em uma terra distante e desconhecida. Nos quatro cantos do país, o elemento africano teve a sabedoria necessária para inserir suas especificidades (crenças e cultura). A arte, culinária e cultura são alguns exemplos em que podemos perceber a influência africana na construção dos pilares da sociedade brasileira.
Na Amazônia, a presença africana também vai ser marcante e em Macapá não vai ser diferente. Os 250 anos da capital do estado do Amapá revelam um capítulo importante da ocupação do espaço amazônico.
De acordo com os registros históricos, os primeiros africanos chegaram a Macapá no século XVIII juntamente com algumas famílias portuguesas que pretendiam colonizar parte do norte da África, mais precisamente Mazagran – hoje Marrocos. Os conflitos religiosos entre mouros e cristãos foi o que motivou a vinda dos lusitanos com os primeiros negros para as terras tucujus.
E quando Macapá completa seus 250 anos ouvi-se falar frequentemente dos pioneiros destas terras. Causa-nos certa apreensão saber se a sociedade irá lembrar dos pioneiros da cultura afro-macapaense. Se isso não acontecer será erro gravíssimo, pois uma das principais características culturais do estado e, sobretudo de Macapá é de origem africana.
É por isso mesmo que nós do movimento hip-hop amapaense temos o compromisso de celebrarmos a resistência da cultura da África à diáspora. Essa postura tem uma explicação muito simples. O hip-hop é um movimento essencialmente negro.

Surgimento

O que hoje conhecemos como movimento hip-hop tem sua origem na Jamaica, quando um DJ chamado Kool Herc cria uma espécie de “canto-falado” baseado em cerimônias religiosas de comunidades tradicionais jamaicanas. A partir daí, temos o embrião do rap (ritmo e poesia em inglês), um dos quatro elementos do hip-hop. É importante ressaltar que esses ritos tradicionais jamaicanos eram praticados por anciãos, chamados de griot (detentores do saber). Isto representa que o hip-hop já nasce tendo como referência a ancestralidade africana. Além disso, quando o movimento hip-hop chega a América do Norte, seu principal propagador será Afrika Bambata, criador de uma das maiores organizações de hip-hop do mundo – a Nação Zulu (Zulu Nation). Mais uma vez o hip-hop faz menção a África.
Ao mesmo tempo em que o movimento toma a cultura africana como referência quebra-se paradigmas, pois o hip-hop propõe uma nova reflexão acerca do continente africano e seus elementos. O hip-hop na sua concepção apresenta uma África não marcada pela miserabilidade e atrocidades, mas sim um continente caracterizado por uma cultura rica e diversificada.
É por esse prisma que o movimento hip-hop amapaense trabalha a cultura negra por meio da música, dança e arte plásticas. Nessa perspectiva, o hip-hop local apresenta o Afro-Ritmos.
O Afro-Ritmos é uma nova proposta cultural que procura fundir ritmos tradicionais negros (marabaixo e batuque) com a capoeira, até chegar no hip-hop. Isso tudo, tendo noções básicas de negritude e resgate da auto-estima de nosso povo e, sobretudo exaltando nossa ancestralidade. O poema musicado “Negras Guerreiras” reflete muito bem essa referência “...Negras parteiras, guerreiras...Mãe Luzia, Guíta, Venina e Maria José Libório...mulheres benzedeiras e cantadeiras...”.
Portanto, acreditamos que é na preservação da nossa memória que se mantém viva a chama da resistência negra. Então, nos 250 anos de Macapá, celebremos os pioneiros da cultura afro-macapaense.

sábado, 12 de janeiro de 2008

TERRAS DE QUILOMBO EM PERIGO

O governo anunciou mudanças na legislação que define os direitos dos quilombolas que prometem levar polêmica à questão. Os integrantes dos movimentos negros acusam a administração federal de ceder à pressão da bancada ruralista. Para eles, é um recuo alterar o Decreto 4.887, de 2003, que prevê a regularização das terras de remanescentes de quilombos. A oposição e os integrantes da bancada ruralista, por sua vez, apresentaram um decreto legislativo, a ser discutido amanhã na Comissão de Agricultura a Câmara, que na prática anula os efeitos do decreto do presidente Lula.

"O governo não nos ouviu para fazer as mudanças e já nos manifestamos contra. Houve um recuo por conta da grande pressão dos ruralistas, latifundiários e multinacionais do setor", disse a assessora política da Coordenação Nacional dos Quilombos, Jô Brandão. A principal mudança, segundo ela, é a que estabelece um limite físico para a ocupação de áreas pelos quilombolas. Assim, eles só poderiam pedir a posse legal das terras que já ocupam. "Se é para fazer a titulação das áreas ocupadas, o governo nem precisa perder tempo", criticou.

Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), as mudanças permitirão que os processos de reconhecimento e titulação se tornem mais imparciais e transparentes, evitando contestações judiciais. Há 590 processos de titulação em andamento.

Presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), afirmou que vai pedir urgência na tramitação do projeto que susta o decreto presidencial, de sua autoria. "O ato do presidente Lula passa a legislar ao criar a reforma agrária por decreto." A maior crítica dos ruralistas é a respeito da opção de autodefinição, ou seja, que as próprias comunidades possam se definir como quilombolas. "Nossa proposta sairá vencedora em plenário porque ela segue a Constituição, ao garantir para os quilombolas as áreas em que vivem", disse Colatto.

A nova norma só passará a valer após duas rodadas de consulta aos movimentos sociais envolvidos, como prevê a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
da qual o Brasil é signatário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Willy Miranda É REPRESENTATE DA JUVENTUDE NO CONSELHO NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República e liderado pela ministra Matilde Ribeiro, consedeu as boas vindas ao conselheiro representade da Juventude Negra do Brasil Willy Miranda no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR). O Conselho é um órgão colegiado de caráter consultivo e integrante da estrutura básica da Seppir, que tem como finalidade propor, em âmbito nacional, políticas de promoção da igualdade racial com ênfase na população negra e outros segmentos raciais e étnicos da população brasileira. O objetivo do Conselho, além de combater o racismo, é superar as desigualdades raciais, tanto do ponto de vista econômico como social, político e cultural, ampliando, assim, os processos de controle social sobre as referidas políticas. O CNPIR é constituído por 20 representantes efetivos de entidades da sociedade civil, com seus respectivos suplentes, e 20 representantes do governo federal - ministros e secretários de Estado. Sobre a Seppir Criada em 21 de março de 2003, "Dia Internacional Pela Eliminação da Discriminação Racial", a Secretaria Especial de Políticas de Promoção para a Igualdade Racial (Seppir) tem por missão promover a igualdade e a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos afetados pela discriminação e demais formas de intolerância com ênfase na população negra; acompanhar e coordenar políticas de diferentes ministérios e outros órgãos do Governo Brasileiro para a promoção da igualdade racial; articular, promover e acompanhar a execução de diversos programas de cooperação com organismos públicos e privados, nacionais e internacionais e o cumprimento de acordos e convenções internacionais assinados pelo Brasil, que digam respeito à promoção da igualdade e combate à discriminação racial ou étnica. Além de auxiliar o Ministério das Relações Exteriores nas políticas internacionais, no que se refere à aproximação de nações do Continente Africano, a Seppir tem como referência política o "Programa Brasil sem Racismo" que abrange a implementação de políticas públicas nas áreas do trabalho, emprego e renda; cultura e comunicação; educação; saúde, terras de quilombos, mulheres negras, juventude, segurança e relações internacionais

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

CABOCLA, INDIGENA... DE CORAÇÃO QUILOMBOLA

Roseane Viana... Macapaense, amapaense do berço caboclo, guerreira indígena da Amazônia e nortista africana de coração. É assim que reconheço o trabalho e esforço feito por esta mulher brasileira defensora dos genocídios da população negra na saúde.

Na conclusão do seu curso de Nutrição com seu TCC que diagnosticou a situação nutricional da comunidade quilombola do Curiaú... No ministério da saúde trabalhou no combate a fome das comunidades negras brasileira e enfrentando muitas das vezes situações que fariam á desistir... mas ta ai na luta.

Em poucas palavras para falar de uma grande pessoa!!!