segunda-feira, 31 de outubro de 2011



Nos dias 07 e 08 de novembro, a juventude negra vai ser representada pelo Movimento Afro-Jovem do Amapá - MOAJA e pela Associação de Jovens Moradores e Produtores Rurais de Santa Luzia do Maruanum I, na Consulta Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, que acontece em Brasília, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto.

MOVIMENTO AFRO-JOVEM PROMOVE CONSULTA AOS POVOS TRADICIONAIS







No dia 27 de outubro, na Comunidade Quilombola do Torrão do Matapi (Macapá), o Movimento Afro Jovem do Amapá - MOAJA realizou a Consulta Estadual dos Povos Tradicionais (Quilombolas e Ribeirinhos), como etapa da 3ª etapa da Conferência Estadual de Juventude e da 2ª Conferência Nacional de Juventude. O objetivo da Consulta foi congregar a juventude negra, quilombola e ribeirinha para discutir e apresentar propostas para a Conferência, uma vez que na etapa municipal de Macapá tal processo foi inviabilizado em deccorrência das brigas político-partidárias e como forma de protesto a juventude negra decidiu abondanar o evento porque se sentiu desrespeitada pelo fato de não poder debater suas especificidades.





Aproximadamente 70 jovens participaram da Consulta, que elegeu 16 delegados para defenderem as propostas das comunidades quilombolas e ribeirinhas na etapa estadual da Conferência de Juventude, que ocorre no período de 05 a 06 de novembro em Macapá.

O evento contou com o apoio da Secretraria Extraordinária de Políticas para o Afrodescendente - SEAFRO e da Secretaria de Estado da Educação - SEED. Acompanhe agora a Carta-Manifesto da Juventude Negra sobre a postura dos partidos políticos durante a 2ª Conferência Municipal de Juventude de Macapá.

Escurecendo as ideias: O Quilombo se Rebela!
O processo de diálogo entre o poder público e sociedade civil tem sido potencializado consideravelmente nos últimos anos no Brasil. Este exercício de democracia sugere um novo comportamento entre estes entes, que por sua vez, tendem a amadurecer o principio da cidadania no que se refere à aplicabilidade das politicas públicas.
Nesta perspectiva, faz-se necessário estabelecer mecanismos de fortalecimento deste diálogo. Uma destas ferramentas são as conferências que nos últimos anos têm se tornado uma alternativa viável na busca de um caminho de discussão mais igualitário entre a sociedade e o poder público, que mesmo sem ter um retorno que muita das vezes não é garantido, tem feito seu papel na construção do processo.
Com a ampliação das discussões com base nos debates de ideias a sociedade já tem conseguido protagonizar uma mudança ainda que lenta no cenário político-social do nosso país. Na verdade, os novos atores desse processo tem se destacado no cenário nacional como construtores de um processo democrático que fornece informações importantes para a construção de politicas publicas eficazes para todos!
E nesse cenário, a juventude negra e quilombola têm “tomado de assalto” o papel que lhe foi por séculos furtado, e numa grande força tem sido protagonista de sua própria história e delegado rumos de uma sociedade com equidade e menos injusta, nos remontando assim, o sentido do socialismo/comunismo na lógica da afro-diáspora, isto é, uma sociedade livre da opressão e das disparidades, e equilibrada econômico e socialmente como nossos ancestrais quilombolas sempre nos ensinaram.
É a partir desta análise que vemos que as conferências de juventude favorecem um palco de debate significativo para a verdadeira construção da cidadania, desde que em sua regulamentação toda juventude possa estar inserida. A politica para cada ser humano é uma constante construção e nesse sentido, despertar no jovem este interesse é um passo para que no futuro tenhamos cidadãos que realmente “se vejam” e se “compreendam” dentro de um contexto social democrático.
Por outro lado, do que adianta chamar a juventude para discutir politicas públicas se quem o faz ainda é incapaz de compreender que democracia igualitária vai muito além de ideologia politico partidária! O que uma sociedade quer em geral é comum para todos, uma vez que todos queremos educação de qualidade, saúde, segurança, moradia digna, lazer, cultura, emprego... O que realmente nós faz diferentes uns dos outros?
Lembramos que o ano de 2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, da Juventude e das Florestas e, sendo assim, torna-se bastante pertinente discutirmos a temática de etnia e cor, juventude e a comunidades que habitam nas florestas (Povos Tradicionais) em todos os espaços de debate da nossa conjuntura. E neste ano, em que a juventude brasileira se mobiliza para sua 2ª Conferência Nacional, que tem como tema principal “Juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos” - “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil”. Isto é, tem como foco “direitos e participação” duas palavrinhas de fácil entendimento porem difícil ainda de pôr em prática principalmente por “representantes” de juventude partidária que tentam agir como se estivéssemos no legislativo que através de articulações e acordos por detrás das cortinas... Burlando todos os direitos e a participação legitima de uma juventude que se auto representa e não a interesses de terceiros. Percebendo tal postura entendemos que os nossos direitos de participação neste processo foram gravemente violados. Portanto, a juventude negra e quilombola vêm, por meio deste informe, repugnar tais fatos que demonstram a prática deplorável, viciada e eurocêntrica destes agrupamentos e exigir a garantia de nossa participação e, consequentemente, a efetivação de delegados (as) negros (as) e quilombolas na II Conferência Estadual de Juventude, uma vez que os afrodescendentes representam mais de 70% da população do estado, segundo dados do IBGE (2010).
É com esse sentimento que nos dirigimos à Coordenadoria Municipal de Juventude, responsável pela II Conferencia Municipal de Juventude de Macapá, como em pleno mundo Pós-moderno com uma luta histórica contra o racismo e a segregação racial é possível que a juventude negra, de comunidade quilombola e tradicional possam ser tratadas como meros expectadores de um processo construtivo democrático como o que se propõem a mesma. O modo como a juventude do Quilombo do Mel da Pedreira, Maruanum, Torrão do Matapi, Rosa, Curiaú, Porto do Abacate, São Pedro dos Bois foram tratadas nessa conferência, nos remete a reflexão a respeito de como esses processos vem sendo conduzidos, as comunidades não podem e não devem ser penalizadas pela impregnação da politica partidária que durante a conferência foi visível por parte de seus organizadores, principalmente aqueles que vão bem fundo... ofendendo... deixando claro o que pensa à respeito de “preto” não é possível que possamos conviver com tanta intolerância!!! Ou melhor, com uma chuva tão grande de ignorância.
Para se construir uma politica igualitária que contemple a juventude devemos avaliar como são as atitudes dos “jovens” que já estão na discussão politica, os partidos políticos, devem buscar formar essa juventude de um modo mais “social”, durante a II Conferencia Municipal de Macapá constatou-se a prevalência de um palco de discussão de agrupamentos juvenis partidários e de reboque alguns jovens da área urbana, que ignoraram a participação da juventude de quilombo e comunidade tradicionais, mesmo sendo maioria e vindo de mais longe que todos os demais... Viram-se obrigados à retirarem-se da plenária, pois a Coordenação Municipal, ciente do regimento, reuniram-se e tentaram através de manobras politicas impor o numero de vagas para a eleição dos delegados das comunidades, foram capazes de ir contra o bom-senso, a própria plenária que neste caso era soberana!! E mais uma vez, vimos nossos negros e negras saírem de um espaço público de discussão por não aceitarem um “jogo de cartas marcadas”.
É importante frisar que mesmo nós, pretas e pretos atuando em distintos espaços como agremiações partidárias, sindicatos, agrupamentos político-culturais, entre outros, temos algo que nos unifica e nos congrega em torno de nossos anseios, isto é, o afrocentrismo é a cor da nossa bandeira de luta, é o que nos motiva e, acima de tudo é o que alimenta nossos sonhos. 4P (Poder Para o Povo Preto)!!!!
Atenção!!! Politica deve ser levada a sério desde cedo e não aceitaremos que atitudes como essas voltem a acontecer, a juventude que se fortifica hoje dentro das comunidades são frutos de um processo histórico de exclusão, entretanto, essa mesma exclusão está nos unindo e fazendo com que nossa juventude tome decisões coletivas reafirmando que quando a formação tem como base a força de resistência agregada a coletividade...ai, pode ter certeza! Sempre passaremos a ser maioria nas conferências e demais ações que virão. A rebelião do quilombo ocorrida durante a II Conferência Municipal de Juventude de Macapá é, portanto, um ato político da juventude negra que compreende o seu papel enquanto agente de transformação social.
Embora estejamos no final de 2011, não foi tarde em que Zumbis e Dandaras se rebelaram, pois que fique o alerta o quilombo é aqui!

ASSINAM ESTE DOCUMENTO:

1 - FEDEREÇÃO AMAPAENSE DE HIP HOP - FAHHP
2 – FÓRUM AMAPAENSE DE JUVENTUDE NEGRA – FAJUNE
3 – MOVIMENTO AFRO-JOVEM DO AMAPÁ – MOAJA
4 – MOVIMENTO DE JOVENS AFRODESCEDENTES DO AMAPÁ – MOJAAP
5 – ASSOCIAÇÃO DE JOVENS, MORADORES, PRODUTORES RURAIS DE SANTA LUZIA DO MARUANUM I
6 – GRUPO DE JOVENS ZIMBA
7- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OGÃS – ABÔ
8 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO MEL DA PEDREIRA
9 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO ROSA
10 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO TORRÃO DO MATAPI
11 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO CURIAÚ
12 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO PORTO DO ABACATE
13 - JUVENTUDE DO QUILOMBO DO SÃO PEDRO DOS BOIS
14 – ASSOCIAÇÃO COMPANHIA DE DANÇA AFRO BARAKÁ

terça-feira, 4 de outubro de 2011

JUVENTUDE NEGRA PARTICIPA DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇAS QUILOMBOLAS



O Fórum da Amazônia Oriental - FAOR em parceria com a Rede Mocambos realizou no período de 24 a 29 de setembro em Macapá, o Encontro de Formação Política de Lideranças Jovens Quilombolas. Jovens de aproximadamente 20 comunidades quilombolas participaram da atividade, que teve como objetivo iniciar o processo de formação política de liderança juvenis quilombolas.