Meu partido
Meu partido...
É o berço da humanidade
Terra do povo de ébano
De Reis e Rainhas...
Das Yás e Babás
Das infinitas opulências naturais
Do ouro, diamante e marfim
Que reluz o sorriso negro
Que tem no canto e na dança
Um rito sacro-sagrado de ser
Que nos eleva a orun
Que nos traz axé
No ritmo da vida
No compasso do som do agogô
Dos atabaques e caxixis
Do berimbau e xequerê
Da caixa de marabaixo
Que marca o lamento, o banzo
Do tambor de batuque
Que celebra vida, às vezes sofrida
Mas bem vivida
Da mão de samba, samba de roda e zimba
Samba de cacete, cateretê, maracatu
Carimbó, calango e partido-alto
Esse é o meu partido...
Dos versos versados
Do canto falado, do ladrão de marabaixo
Versos de improviso, de um pulsante “bandaio”
Dos versos de rabiscos
De Solano Trindade a Luis Gama
De Oliveira Silveira a Dagoberto Paranhos
De Carolina de Jesus a Gato Preto
Da poesia quilombola de Creuza Miranda
De Esmeraldina dos Santos
Que na sua simplicidade poética nos encanta
E de nego Sabá, que com sua sabedoria popular muito nos ensina
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