Neste 13 de Maio completam 124 anos da falsa abolição,
dia ainda utilizado pela grande elite e seus meios de comunicação para
enaltecer a “Princesa Isabel” e ainda pior, incutir no imaginário coletivo a
pseudo-ideia de data mais importante para os negro e negras desse País. O
movimento questiona até os dias de hoje como a historia é contada e deturpada
principalmente nos livros didáticos.
Formalmente esse é o dia da “abolição da escravatura”, dia
em que os escravos deixaram de ser tratados como “coisas”, mercadorias de
propriedade de seus senhores pra tornarem-se “cidadãos”. Porém, cidadãos
de uma sociedade que não estava e nem foi preparada para conceber os africanos
e afrobrasileiros como tal. Diferentemente dos europeus, que foram
trazidos para o Brasil com o aporte financeiro e institucional do Estado, numa
medida explícita de "política de ações afirmativas" às avessas, pois
os europeus receberam subsídios e incentivos por parte do governo brasileiro.
Por outro lado, este mesmo governo relegou aos ex-escravizados a herança
maldita de viver às margens de uma sociedade racista e excludente, sem
moradia, terra para trabalhar, educação e condições mínimas para sobreviver,
nem mesmo tiveram direito à indenização pelo tempo de trabalho
forçado. Condições que permanecem vivas em nosso cotidiano.
A escravidão foi e
ainda é (pois não deixou de existir) o ato mais perverso, desumano e humilhante
que a historia pode registrar, além de ser a maior fonte de lucratividade do
capitalismo rendendo muitas riquezas para a elite brasileira a mesma
que marginaliza e explora a força de trabalho, impulsionando o racismo com
a ideologia hierárquica, dados estes que ocupam os índices do IBGE como a
população que tem a maioria dos analfabetos, desempregados, em
situação de risco, ocupam as cadeias, a que mais morre entre outras mazelas.
Os anos se passaram, as relações sociais são recorrentes e
dinâmicas e as situações de desigualdades e injustiças em relação aos grupos
historicamente excluídos também se reconfiguram de acordo com as mudanças na
sociedade. Entretanto, a historia é a mesma, ainda vive aqui um povo
escravizado pelo sistema que não pagou e recusa-se pagar a
divida moral, histórica, social, cultural e econômica, as cotas chegaram tarde
e mesmo olhando o passado e o sofrimento desse povo ela é migalha perto do
que toleraram e a abolição ainda é uma utopia.
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