sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mês de junho movimentado para a juventude negra

O mês de junho foi bastante movimentado para a juventude negra amapaense. No dia 12 de junho, por meio do Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA foi realizada a etapa estadual do Fórum Nacional de Juventude Negra.
O encontro, que aconteceu na comunidade quilombola de Maruanum, reuniu aproximadamente 180 jovens. Mais uma vez, a juventude quilombola dominou a cena e conseguiu a representatividade de 60% da delegação amapaense.
Com o tema Novos Desafios e Perspectivas da Juventude Negra do Amapá, o FOJUNE teve como objetivo promover um diálogo entre sociedade civil organizada (movimentos sociais) e órgãos institucionais acerca das políticas de promoção da igualdade racial, além de potencializar ações conjuntas entre os governos federal, locais e a sociedade civil, através das organizações juvenis com recorte racial. E também discutir o perfil do Fórum Nacional de Juventude Negra.

Literatura negra em evidência

Outro evento desenvolvido pelo MOAJA se refere à literatura, mas precisamente à literatura negra.
A relação entre arte e identidade no caso da literatura é muito importante, pois através dela pode-se determinar a valorização de certos grupos étnicos. Foi com este foco que o Movimento Afro Jovem do Amapá – MOAJA em parceira com Sebo – Cantinho Cultural, realizou no espaço cultural do sebo, a 1ª Mostra de Literatura Negra – Luiz Gama e Machado de Assis.
O evento buscou realizar uma análise da presença do negro na literatura brasileira e como a literatura contribui na construção da identidade da população afro-descedente. Num primeiro momento iremos perceber que as histórias literárias são repletas de negros, entretanto, a presença do elemento afro-brasileiro na literatura ainda é reproduzida de maneira estereotipada. Esse estereótipo permanece associado à animalização, como por exemplo, na figura da Bertoleza, do romance O cortiço (1900), de Aluísio Azevedo. A personagem apresenta um aspecto de suja e sempre atrapalhada nos seus afazeres domésticos. Há também textos literários que valorizam o negro, mas não conseguem desprovê-lo da tendência ao branqueamento.
Por outro lado, vamos encontrar na figura de Luiz Gama um autêntico representante da literatura negra. Ex-escravo, jornalista, advogado e poeta foi um legítimo defensor da causa negra. Em seu poema “A Bodarrada”, o autor assume a identidade negra e se impõe frente à sociedade da época. Luiz Gama se destaca também na luta pela defesa dos direitos dos cidadãos negros ainda ilegalmente escravizados e causa polêmica quando declara que o negro escravizado que mata seu senhor, está praticando um ato de legítima defesa.