quarta-feira, 29 de julho de 2009

Militante negro, último a voltar do exílio

Rio - “Aqui estamos porque lá estivemos, na luta contra a ditadura, por um país livre e democrático”. Com essa declaração e “vivas” dos companheiros que o esperavam no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio, retornou nesta terça-feira (21/07), ao Brasil, Antonio Geraldo da Costa, o “Neguinho”, ou “Tigre”, o último militante político à voltar do exílio.Na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial realizada no mês passado, em Brasília, militantes negros que combateram a ditadura militar e figuram na lista de mortos e desaparecidos, foram homenageados numa iniciativa da Secretaria Especial de Direitos Humanos e da Seppir.Militância “Neguinho”, o ex-marinheiro, hoje com 75 anos, participou de ações armadas, incluindo assaltos a bancos, e resgate de presos políticos como integrante de organizações de esquerda que combateram a ditadura pela via armada, nos anos 60.Estava exilado na Suécia, onde vivia desde 1.972, com a identidade de Carlos Juarez de Melo, com a qual obteve nova cidadania, casou-se, teve dois filhos e trabalhou como cozinheiro para frades e auxiliar em um asilo de velhos.Ele hesitava em voltar, porque por conta das torturas sofridas quanto esteve preso, temia voltar pois imaginava que, mesmo depois da anistia poderia ser preso. Ao mesmo tempo não assumia a própria identidade temendo que as autoridades suecas o extraditassem. caso revelasse o nome verdadeiro.Entre os antigos companheiros presentes à chegada estavam os presidentes da Unidade de Mobilização Nacional pela Justiça (Unma), ex-marinheiro José Alípio Ribeiro, e do Movimento Democrático pela Anistia e Cidadania (Modac), ex-marinheiro Raimundo Porfírio Costa, além do advogado Modesto da Silveira e a amiga Eliete Ferrer, em cuja casa Neguinho ficará hospedado “até arrumar um apartamento”.

Fonte: Afropress

sábado, 25 de julho de 2009

Jovem negro morre precocemente....Taí uma espécie de "cota" que não causa polêmica!!!!!

Um adolescente negro tem 2,6 mais chances de ser assassinado do que um adolescente branco, segundo revela Estudo divulgado nesta terça-feira (21/07) pelo Observatório de Favelas, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Segundo a pesquisa, o risco de ser assassinado para adolescentes de sexo masculino é 11,9 vezes maior do que para mulheres na faixa de 12 a 18 anos.
Ainda de acordo com o Estudo 33.504 adolescentes brasileiros serão assassinados em um período de sete anos, que vai de 2006 a 2013.

A estimativa foi feita com base em dados de 2006, considerando- se a hipótese de que as circunstâncias observadas naquele ano sejam mantidas. Foram coletadas informações sobre as causas de mortes entre jovens de 12 a 19 anos de idade em 267 municípios, todos com mais 100 mil habitantes.

A pesquisa apresenta, pela primeira vez, o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) no Brasil, que mede a probabilidade de um adolescente ser assassinado.

O valor médio do IHA brasileiro é de 2,03 - ou seja, de cada 1 mil adolescentes, 2,03 serão vítimas de homicídio antes de completar os 19 anos. As cidades do Rio de Janeiro aparece na 21ª posição na lista, com IHA de 4,9, enquanto São Paulo fica em 151º lugar, com índice de 1,4.

A cidade com pior índice é Foz do Iguaçu (PR), com IHA de 9,7. Logo em seguida vêm Governador Valadares (MG), com 8,5, e Cariacica (ES), com 7,3.


Fonte: Afropress - 21/7/2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Poesia Preta (Cap. 1)

Após de falarmos um pouco acerca de um ícone da literatura africana, como é o caso de Agostinho Neto. Agora apresentamos um especial "Versos de Ébano" para divulgar a poesia preta de inúmer@s ativistas da causa afro.

Meu partido


Meu partido...

É o berço da humanidade

Terra do povo de ébano

De Reis e Rainhas...

Das Yás e Babás

Das infinitas opulências naturais

Do ouro, diamante e marfim

Que reluz o sorriso negro

Que tem no canto e na dança

Um rito sacro-sagrado de ser

Que nos eleva a orun

Que nos traz axé

No ritmo da vida

No compasso do som do agogô

Dos atabaques e caxixis

Do berimbau e xequerê

Da caixa de marabaixo

Que marca o lamento, o banzo

Do tambor de batuque

Que celebra vida, às vezes sofrida

Mas bem vivida

Da mão de samba, samba de roda e zimba

Samba de cacete, cateretê, maracatu

Carimbó, calango e partido-alto

Esse é o meu partido...

Dos versos versados

Do canto falado, do ladrão de marabaixo

Versos de improviso, de um pulsante “bandaio”

Dos versos de rabiscos

De Solano Trindade a Luis Gama

De Oliveira Silveira a Dagoberto Paranhos

De Carolina de Jesus a Gato Preto

Da poesia quilombola de Creuza Miranda

De Esmeraldina dos Santos

Que na sua simplicidade poética nos encanta

E de nego Sabá, que com sua sabedoria popular muito nos ensina

terça-feira, 14 de julho de 2009

AGOSTINHO NETO




ANTÔNIO AGOSTINHO NETO nasceu a 17 de Setembro de 1922, na aldeia de Kaxicane, região de Icolo e Bengo, a cerca de 60 km de Luanda. O pai era pastor e professor da igreja protestante e, tal como sua mãe, era igualmente professora. Após ter concluído o curso liceal em Luanda, Neto trabalhou nos serviços de saúde. Viria a tornar-se rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que, durante os anos quarentas, conheceu uma fase de vigorosa expansão.Decidido a formar-se em Medicina, Neto pôs de lado parte dos seus magros proventos durante vários anos e, foi com essas economias que embarcou para Portugal em 1947 e se matriculou na Faculdade de Medicina de Coimbra. Não havia uma única instituição de ensino superior na Colónia. O estudante que pretendesse continuar os seus estudos via-se forçado a fazê-lo à custa de grande sacrifício e tinha de alcançar um notável status académico em condições de pobreza e descriminação racial extremamente difíceis. Estudando primeiro em Coimbra e posteriormente em Lisboa, foi-lhe concedida uma bolsa de estudos pelos Metodistas Americanos dois anos depois da sua chegada à Portugal.Cedo se embrenhou em actividades políticas e experimentou a prisão pela primeira vez em 1951, ao ser preso quando reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo.Retomando as actividades políticas após a sua libertação, Neto tornou-se representante da Juventude das colónias portuguesas junto de um movimento da juventude portuguesa, o MUD juvenil. E foi no decurso de um comício de estudantes a que assistiam operários e camponeses que a PIDE o prendeu pela segunda vez.Preso em Fevereiro de 1955, só veio a ser posto em liberdade em Junho de 1957.Por altura da sua prisão em 1955 veio ao lume um opúsculo com os seus poemas. Entretanto, certos poemas que descreviam as amargas condições de vida do Povo angolano e a fervente crença do poeta no futuro haviam já atravessado, anos antes, o muro de silêncio que Portugal erguera em torno da repressão que exercia sobre os democratas e dos crimes brutais que se perpetravam nas colónias.O caso da prisão do poeta angolano desencadeou uma vaga de protestos em grande escala. Realizaram-se encontros; escreveram-se cartas e enviaram-se petições assinadas por intelectuais franceses de primeiro plano, como Jean-Paul Sart, André Mauriac, Aragon e Simone de Beauvoir, pelo poeta cubano Nicolás Gullén e pelo pintor mexicano Diogo Rivera. Em 1957 foi eleito Prisioneiro Político do Ano pela Anistia Internacional. Em 10 de Dezembro de 1956 fundaram-se em Angola vários movimentos patrióticos para formar o MPLA, Movimento Popular para Libertação de Angola, o movimento que lançaria a luta armada do povo angolano contra um Portugal fascista e obstinado, cujas estruturas económicas e sociais eram demasiado obsoletas para permitir a aplicação das soluções neocolonialistas procuradas noutros lugares. Começando por se organizar nas áreas urbanas, entre os operários e intelectuais progressistas, o MPLA viria a mostrar em breve as suas notáveis flexibilidade e capacidade de adaptação às exigências do momento quando passou à luta armada, criando um exército do povo para conduzir uma guerra que o poeta viria a chefiar.Em 1958, Agostinho Neto doutorou-se em Medicina e, casou no próprio dia em que concluiu o curso. Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas colónias portuguesas.


Poema: O CHORO DE ÁFRICA



O choro durante séculos
nos seus olhos traidores pela servidão dos homens
no desejo alimentado entre ambições de lufadas românticas
nos batuques choro de África
nos sorrisos choro de África
nos sarcasmos no trabalho choro de África

Sempre o choro mesmo na vossa alegria imortal
meu irmão Nguxi e amigo Mussunda
no círculo das violências
mesmo na magia poderosa da terra
e da vida jorrante das fontes e de toda a parte e de todas as almas
e das hemorragias dos ritmos das feridas de África

e mesmo na morte do sangue ao contato com o chão
mesmo no florir aromatizado da floresta
mesmo na folha
no fruto
na agilidade da zebra
na secura do deserto
na harmonia das correntes ou no sossego dos lagos
mesmo na beleza do trabalho construtivo dos homens

o choro de séculos
inventado na servidão
em historias de dramas negros almas brancas preguiças
e espíritos infantis de África
as mentiras choros verdadeiros nas suas bocas

o choro de séculos
onde a verdade violentada se estiola no circulo de ferro
da desonesta forca
sacrificadora dos corpos cadaverizados
inimiga da vida

fechada em estreitos cérebros de maquinas de contar
na violência
na violência
na violência

O choro de África é um sintoma

Nós temos em nossas mãos outras vidas e alegrias
desmentidas nos lamentos falsos de suas bocas - por nós!
E amor
e os olhos secos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ações Nocivas das Ervas Daninhas

A última sexta-feira, 10, no Centro de Cultura Negra do Amapá, foi palco de um "circo armado" para propagandear certas figuras já conhecidas do cenário ampaense. Tudo isso em nome do reconhecimento da luta do movimento negro em relação das inúmeras estratégias para combater as desigualdades sócio-raciais presentes em nossa sociedade. Seria um considerável passo se não fosse uma grande farsa que parte de entidades do movimento negro atreladas a determindados políticos de nosso estado realizaram neste encontro.
O mais revoltante é que certos segmentos da comunidade afroamapaense, como por exemplo, os quilombolas são manipulados e têm a infelicidade de serem usados nessa articulação fajuta e mesquinha. Não quero culpar ou atacar nossos irmãos mocambolas, mas sim aqueles que se utilizam destas ações repgnantes de alguns "Traparceiros" de movimento.
Já passou da hora de movimento negro amapaense rever sua postura viciada no modo eurocentrista e nos moldes partidarizado de organizar e atuar. Lutamos por movimento negro livre destas "ervas daninhas" que estragam nossas ações de luta por uma sociedade mais justa e igulitária.

sábado, 4 de julho de 2009

CANDOMBLÉ - A CRENÇA AFRO-BRASILEIRA HERDADA DAS NAÇÕES ANCESTRAIS


A FORMAÇÃO DE UMA CRENÇA AFRO-BRASILEIRA

INTRODUÇÃO

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui no Brasil. Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia. Desta reunião, que era formada por várias mulheres, uma mulher especial ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou. O motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar as ancestralidade e as origens do "culto de orisá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticar, assim, a religião católica. Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua Ìyá Ìlú Àiyé Èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos? Primeiramente, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini - África, ou Ilê de Orisás, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Sangô em Oyó, Osun em Ijesá e Ijebu e assim por diante.

A ORIGEM DA PALAVRA CANDOMBLÉ

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o culto à orisá, ou seja, cada nação africana cultua um orisá e só inicia elegun ou pessoa ligada aquele orisá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros nas senzalas no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Ialorixás evitavam chamar o "culto dos orisás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi sendo incorporada e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas. A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de Candonbé, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de Candonbidé, que quer dizer ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa.

AS NAÇÕES DO CANDOMBLÉ NA FORMAÇÃO DO CULTO AOS ORIXÁS

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, desta forma: Candomblé da Nação Ketu, Candomblé da Nação Jeje, Candomblé da Nação Angola, Candomblé da Nação Congo e Candomblé da Nação Muxicongo.

A palavra Nação entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Daomé e formado pelos povos Mahin e os grupos que falavam a língua iorubá, entre eles os de Oyó. Abeokuta, Ijesá e Ebá vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu. Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu. Os iorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil. Quando os iorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de anagô, que quer dizer na língua fon, piolhentos, sujos entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nagô e passou a ser aceita pelos povos iorubás no Brasil, para assim definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nagô. No Brasil, a palavra nagô passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região nordeste, mais conhecido como Xangô do Nordeste. Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes iorubás. Porém, existem variações de Nações como Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ijesá próxima a Osobô e ao rio Osun. Ijexá não é uma nação política, é o nome dado aos que nasceram ou viveram na região de Ijesá, que caracteriza esta Nação no Brasil e que tem Osun como a sua rainha. Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu. Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo. A partir daí, muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nos primeiros Ilês de Candomblé, não era permitido aos homens entrar na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se babalorixás tinham uma conduta diferente quanto à roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans (batedores de atabaques). Hoje a palavra Candomblé no Brasil, define o que chamamos de Culto Afro-Brasileiro.


Fonte - Cultura da Cor

quinta-feira, 2 de julho de 2009

GT Juventude Negra apresenta análise sobre políticas para este segmento

O GT Juventude Negra, co Conselho Nacional de Juventude, elaborou um relatório com sua análise sobre as políticas públicas para a juventude negra, tendo como base o I Enjune (Encontro Nacional da Juventude Negra), cujas resoluções foram definidas como prioridade número 1 pela I Conferência Nacional de Juventude. Além disso, o grupo analisou as resoluções da I Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial (Conapir) e da Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância de Durban. O documento foi apresentado durante a última reunião do Conselho, no início de junho.

O maior desafio dos conselheiros foi direcionar as ações, diante da pauta com mais de 700 resoluções definidas pelo movimento de juventude negra. Além disso, era preciso identificar os marcos, tratados e resoluções assinadas pelo Brasil e que atingem, de alguma forma, o segmento.

O passo seguinte foi a realização de uma oficina que possibilitou um amplo debate das questões étnico-raciais, auxiliando o GT na definição de suas prioridades, estabelecidas e focadas nos seguintes pontos:

  • acompanhamento, pelo conjunto do Conselho, da primeira resolução da Conferência Nacional de Juventude;
  • inclusão do recorte étnico-racial e geracional na rede de políticas universais;
  • incidência e acompanhamento do PPA a fim de que as políticas universais tenham recorte étnico racial;
  • imersão no conjunto das políticas e programas para a juventude que estão em curso nos diversos ministérios;
  • diálogo com o IBGE para o fornecimento de dados desagregados sobre educação, saúde e emprego, entre outros, com recorte na juventude negra;
  • diálogo com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para inclusão da perspectiva étnico-racial nos cursos de formação de conselheiros.

Luta a favor das cotas

A apresentação do GT estimulou a discussão sobre o sistema de cotas para afrodescendentes em universidades públicas, uma vez que ele ameaçou ser suspenso no Rio de Janeiro, justamente o primeiro lugar a implementar a lei. O Conjuve se posicionou contra a medida, assinando uma moção de repúdio à decisão da Justiça do Rio e ratificando a importância do sistema de cotas na redução das desigualdades que ainda são predominantes no país. A preocupação do conselho foi de que este fato, embora isolado, abrisse precedente jurídico contra as ações afirmativas.

Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio concedeu liminar suspendendo as cotas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, acatando ação direta de inconstitucionalidade do deputado estadual Flávio Bolsonaro. O Tribunal, no entanto, recuou da sua posição, após intensa mobilização social promovida por diversas entidades, como UNE e UBES, e um pedido do governo do estado e da Universidade Federal do RJ, que alegaram falta de tempo hábil para alterar o edital do vestibular deste ano.

Leia artigo sobre juventude negra e políticas públicas