sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Hip Hop no Quilombo em Santa Luzia do Maruanum




O Maruanum se destaca no cenário amapaense como uma comunidade conhecida e reconhecida pelo seu artesanato, que se destaca pelo trabalho das louceiras do Maruanum, uma atividade secular em argila realizada por mulheres, uma atividade que tem passado de geração para geração. Além disso, o Marabaixo também é uma das características marcantes da comunidade, que recentemente recebeu a certificação e titulação de Remanescentes de Quilombo por parte da Fundação Cultural Palmares. Neste ano, Santa Luzia do Maruanum comemora o Centenário da Festividade em louvor à Santa.
Estes fatores são suficientes para nós jovens do Movimento Afro-Jovem do Amapá e da Federação Amapaense de Hip Hop na escolha da localidade para a realização de mais uma edição do Projeto "Hip Hop no Quilombo". O evento tem como propósito congregar a juventude quilombola e jovens do hip hop e, por meio de um diálogo inter-cultural estabelecer uma relação de discussão das diversas facetas da juventude negra - quilombola, ribeirinha e periférica.

Após uma troca de ideia a respeito das afinidades dos segmentos, percebeu-se no semblante de cada jovem a satisfação pela realização daquela atividade. Para a quilombola, Sônia Santos, tanto a juventude quilombola e a juventude do hip hop tem muito em comum e isso preciso fortalecer a luta contra o preconceito enfrentado pelos segmentos.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Movimento negro e poder público discutem programação da Semana da Consciência Negra



Como já é tradição no Amapá, o mês de novembro marca um dos maiores eventos no estado - A SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Encontro dos Tambores, Missa dos Quilombos, Caminhada Zumbi dos Palmares, Resistência Hip Hop são alguns do eventos que ocorrem anualmente durante a semana.





O movimento negro local e o governo do estado por meio das Secretrarias do Afrodescedente - SEAFRO e Secretaria de Cultura - SECULT discutem a programação para a semana e, em especial, o dia 20, feriado estadual.





Dentre as diversas atividades destacam-se seminários, debates, oficinas, intercâmbios com países africanos e intervenções culturais. O diferencial deste ano se refere à criação de uma comissão entre os entes públicos e a sociedade civil para desenvolver um plano de ação/atividades no decorrer do de 2012.





O governo também cogita a possibilidade da realização de shows nacionais como Martinália e Rita Ribeiro.

sábado, 5 de novembro de 2011

UFPA promove Seminário Internacional de Relações Raciais na Amazônia



O I Seminário Internacional de Relações Raciais na Amazônia, cuja temática trata da relação entre Memória, Cultura e Linguagem, é a continuação imediata das mobilizações acadêmicas ocorridas em torno das Semanas da Consciência Negra realizadas no Campus de Cametá desde 2009, cuja 3ª edição ocorrerá paralela ao I Seminário Internacional. Os dois eventos se encontram como uma experiência de partilha de saberes entre o mundo acadêmico e as comunidades, grupos culturais ou qualquer pessoa interessada no debate sobre identidade negra, cultura afro-brasileira, combate ao racismo, ação afirmativa e outros temas voltados para a presença e influência negra na Amazônia. Devido seu caráter interdisciplinar, os eventos terão pesquisadores e estudantes de diversos cursos, com oportunidade de apresentar seus trabalhos em quatro Grupos de Trabalho. Além desses grupos, a programação prevê a presença de convidados nacionais e internacionais, pois objetiva integrar as discussões que estão ocorrendo no contexto atual sobre relações raciais e, ao mesmo tempo, articular produtores de cultura com diferentes experiências e conhecimentos.



HOMENAGENS – Todos os anos a Semana da Consciência Negra homenageia um grupo cultural ou pessoa de reconhecida importância para a formação cultural e identitária na região. Em sua terceira versão, o evento irá realizar duas homenagens. Uma ao professor Vicente Salles, autor de diversos livros sobre o negro na Amazônia, que completará 80 anos, em 27 de novembro, e receberá o título de "Doutor Honoris Causa" pela UFPA. Trata-se, enfim, do reconhecimento da trajetória de uma das mais

importantes personalidades da pesquisa sobre a história e cultura negra na Amazônia. Juntamente com o pesquisador, o grupo Marrierrê-Arrá, da vila de Carapajó, também será homenageado. O grupo representa uma das forças de expressão de identidade negra da região tocantina, por atuar, por vários anos, na formação de jovens e crianças em torno da cultura afro-tocantina.

O I Seminário Internacional e a III Semana da Consciência Negra correspondem a um esforço de diálogo no qual os saberes da comunidade são colocados lado a lado com o saber acadêmico. Desse modo, trata-se de uma forma de ação afirmativa cujo projeto político consiste na reafirmação da identidade negra como maior instrumento de combate ao racismo.

INSCRIÇÃO - Àqueles que têm intenção de apresentar trabalhos, deverão se inscrever até o dia 10 de novembro de 2011, enviando um resumo, e comprovante de pagamento da inscrição, para o e-mail consciencianegra.cameta@gmail.com. Os interessados em saber mais sobre: programação, prazos de inscrição para participar em oficinas ou somente como ouvinte, bem como as taxas de pagamento, deverão acessar o blog.www.historiaemcampo.blogspot.com









Fonte: Comunicação/UFPA

segunda-feira, 31 de outubro de 2011



Nos dias 07 e 08 de novembro, a juventude negra vai ser representada pelo Movimento Afro-Jovem do Amapá - MOAJA e pela Associação de Jovens Moradores e Produtores Rurais de Santa Luzia do Maruanum I, na Consulta Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, que acontece em Brasília, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto.

MOVIMENTO AFRO-JOVEM PROMOVE CONSULTA AOS POVOS TRADICIONAIS







No dia 27 de outubro, na Comunidade Quilombola do Torrão do Matapi (Macapá), o Movimento Afro Jovem do Amapá - MOAJA realizou a Consulta Estadual dos Povos Tradicionais (Quilombolas e Ribeirinhos), como etapa da 3ª etapa da Conferência Estadual de Juventude e da 2ª Conferência Nacional de Juventude. O objetivo da Consulta foi congregar a juventude negra, quilombola e ribeirinha para discutir e apresentar propostas para a Conferência, uma vez que na etapa municipal de Macapá tal processo foi inviabilizado em deccorrência das brigas político-partidárias e como forma de protesto a juventude negra decidiu abondanar o evento porque se sentiu desrespeitada pelo fato de não poder debater suas especificidades.





Aproximadamente 70 jovens participaram da Consulta, que elegeu 16 delegados para defenderem as propostas das comunidades quilombolas e ribeirinhas na etapa estadual da Conferência de Juventude, que ocorre no período de 05 a 06 de novembro em Macapá.

O evento contou com o apoio da Secretraria Extraordinária de Políticas para o Afrodescendente - SEAFRO e da Secretaria de Estado da Educação - SEED. Acompanhe agora a Carta-Manifesto da Juventude Negra sobre a postura dos partidos políticos durante a 2ª Conferência Municipal de Juventude de Macapá.

Escurecendo as ideias: O Quilombo se Rebela!
O processo de diálogo entre o poder público e sociedade civil tem sido potencializado consideravelmente nos últimos anos no Brasil. Este exercício de democracia sugere um novo comportamento entre estes entes, que por sua vez, tendem a amadurecer o principio da cidadania no que se refere à aplicabilidade das politicas públicas.
Nesta perspectiva, faz-se necessário estabelecer mecanismos de fortalecimento deste diálogo. Uma destas ferramentas são as conferências que nos últimos anos têm se tornado uma alternativa viável na busca de um caminho de discussão mais igualitário entre a sociedade e o poder público, que mesmo sem ter um retorno que muita das vezes não é garantido, tem feito seu papel na construção do processo.
Com a ampliação das discussões com base nos debates de ideias a sociedade já tem conseguido protagonizar uma mudança ainda que lenta no cenário político-social do nosso país. Na verdade, os novos atores desse processo tem se destacado no cenário nacional como construtores de um processo democrático que fornece informações importantes para a construção de politicas publicas eficazes para todos!
E nesse cenário, a juventude negra e quilombola têm “tomado de assalto” o papel que lhe foi por séculos furtado, e numa grande força tem sido protagonista de sua própria história e delegado rumos de uma sociedade com equidade e menos injusta, nos remontando assim, o sentido do socialismo/comunismo na lógica da afro-diáspora, isto é, uma sociedade livre da opressão e das disparidades, e equilibrada econômico e socialmente como nossos ancestrais quilombolas sempre nos ensinaram.
É a partir desta análise que vemos que as conferências de juventude favorecem um palco de debate significativo para a verdadeira construção da cidadania, desde que em sua regulamentação toda juventude possa estar inserida. A politica para cada ser humano é uma constante construção e nesse sentido, despertar no jovem este interesse é um passo para que no futuro tenhamos cidadãos que realmente “se vejam” e se “compreendam” dentro de um contexto social democrático.
Por outro lado, do que adianta chamar a juventude para discutir politicas públicas se quem o faz ainda é incapaz de compreender que democracia igualitária vai muito além de ideologia politico partidária! O que uma sociedade quer em geral é comum para todos, uma vez que todos queremos educação de qualidade, saúde, segurança, moradia digna, lazer, cultura, emprego... O que realmente nós faz diferentes uns dos outros?
Lembramos que o ano de 2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, da Juventude e das Florestas e, sendo assim, torna-se bastante pertinente discutirmos a temática de etnia e cor, juventude e a comunidades que habitam nas florestas (Povos Tradicionais) em todos os espaços de debate da nossa conjuntura. E neste ano, em que a juventude brasileira se mobiliza para sua 2ª Conferência Nacional, que tem como tema principal “Juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos” - “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil”. Isto é, tem como foco “direitos e participação” duas palavrinhas de fácil entendimento porem difícil ainda de pôr em prática principalmente por “representantes” de juventude partidária que tentam agir como se estivéssemos no legislativo que através de articulações e acordos por detrás das cortinas... Burlando todos os direitos e a participação legitima de uma juventude que se auto representa e não a interesses de terceiros. Percebendo tal postura entendemos que os nossos direitos de participação neste processo foram gravemente violados. Portanto, a juventude negra e quilombola vêm, por meio deste informe, repugnar tais fatos que demonstram a prática deplorável, viciada e eurocêntrica destes agrupamentos e exigir a garantia de nossa participação e, consequentemente, a efetivação de delegados (as) negros (as) e quilombolas na II Conferência Estadual de Juventude, uma vez que os afrodescendentes representam mais de 70% da população do estado, segundo dados do IBGE (2010).
É com esse sentimento que nos dirigimos à Coordenadoria Municipal de Juventude, responsável pela II Conferencia Municipal de Juventude de Macapá, como em pleno mundo Pós-moderno com uma luta histórica contra o racismo e a segregação racial é possível que a juventude negra, de comunidade quilombola e tradicional possam ser tratadas como meros expectadores de um processo construtivo democrático como o que se propõem a mesma. O modo como a juventude do Quilombo do Mel da Pedreira, Maruanum, Torrão do Matapi, Rosa, Curiaú, Porto do Abacate, São Pedro dos Bois foram tratadas nessa conferência, nos remete a reflexão a respeito de como esses processos vem sendo conduzidos, as comunidades não podem e não devem ser penalizadas pela impregnação da politica partidária que durante a conferência foi visível por parte de seus organizadores, principalmente aqueles que vão bem fundo... ofendendo... deixando claro o que pensa à respeito de “preto” não é possível que possamos conviver com tanta intolerância!!! Ou melhor, com uma chuva tão grande de ignorância.
Para se construir uma politica igualitária que contemple a juventude devemos avaliar como são as atitudes dos “jovens” que já estão na discussão politica, os partidos políticos, devem buscar formar essa juventude de um modo mais “social”, durante a II Conferencia Municipal de Macapá constatou-se a prevalência de um palco de discussão de agrupamentos juvenis partidários e de reboque alguns jovens da área urbana, que ignoraram a participação da juventude de quilombo e comunidade tradicionais, mesmo sendo maioria e vindo de mais longe que todos os demais... Viram-se obrigados à retirarem-se da plenária, pois a Coordenação Municipal, ciente do regimento, reuniram-se e tentaram através de manobras politicas impor o numero de vagas para a eleição dos delegados das comunidades, foram capazes de ir contra o bom-senso, a própria plenária que neste caso era soberana!! E mais uma vez, vimos nossos negros e negras saírem de um espaço público de discussão por não aceitarem um “jogo de cartas marcadas”.
É importante frisar que mesmo nós, pretas e pretos atuando em distintos espaços como agremiações partidárias, sindicatos, agrupamentos político-culturais, entre outros, temos algo que nos unifica e nos congrega em torno de nossos anseios, isto é, o afrocentrismo é a cor da nossa bandeira de luta, é o que nos motiva e, acima de tudo é o que alimenta nossos sonhos. 4P (Poder Para o Povo Preto)!!!!
Atenção!!! Politica deve ser levada a sério desde cedo e não aceitaremos que atitudes como essas voltem a acontecer, a juventude que se fortifica hoje dentro das comunidades são frutos de um processo histórico de exclusão, entretanto, essa mesma exclusão está nos unindo e fazendo com que nossa juventude tome decisões coletivas reafirmando que quando a formação tem como base a força de resistência agregada a coletividade...ai, pode ter certeza! Sempre passaremos a ser maioria nas conferências e demais ações que virão. A rebelião do quilombo ocorrida durante a II Conferência Municipal de Juventude de Macapá é, portanto, um ato político da juventude negra que compreende o seu papel enquanto agente de transformação social.
Embora estejamos no final de 2011, não foi tarde em que Zumbis e Dandaras se rebelaram, pois que fique o alerta o quilombo é aqui!

ASSINAM ESTE DOCUMENTO:

1 - FEDEREÇÃO AMAPAENSE DE HIP HOP - FAHHP
2 – FÓRUM AMAPAENSE DE JUVENTUDE NEGRA – FAJUNE
3 – MOVIMENTO AFRO-JOVEM DO AMAPÁ – MOAJA
4 – MOVIMENTO DE JOVENS AFRODESCEDENTES DO AMAPÁ – MOJAAP
5 – ASSOCIAÇÃO DE JOVENS, MORADORES, PRODUTORES RURAIS DE SANTA LUZIA DO MARUANUM I
6 – GRUPO DE JOVENS ZIMBA
7- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OGÃS – ABÔ
8 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO MEL DA PEDREIRA
9 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO ROSA
10 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO TORRÃO DO MATAPI
11 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO CURIAÚ
12 – JUVENTUDE DO QUILOMBO DO PORTO DO ABACATE
13 - JUVENTUDE DO QUILOMBO DO SÃO PEDRO DOS BOIS
14 – ASSOCIAÇÃO COMPANHIA DE DANÇA AFRO BARAKÁ

terça-feira, 4 de outubro de 2011

JUVENTUDE NEGRA PARTICIPA DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇAS QUILOMBOLAS



O Fórum da Amazônia Oriental - FAOR em parceria com a Rede Mocambos realizou no período de 24 a 29 de setembro em Macapá, o Encontro de Formação Política de Lideranças Jovens Quilombolas. Jovens de aproximadamente 20 comunidades quilombolas participaram da atividade, que teve como objetivo iniciar o processo de formação política de liderança juvenis quilombolas.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ESCURECENDO as IDÉIAS: UM CASO DE RACISMO OMITIDO PELA MÍDIA AMAPAENSE

ESCURECENDO as IDÉIAS: UM CASO DE RACISMO OMITIDO PELA MÍDIA AMAPAENSE

UM CASO DE RACISMO OMITIDO PELA MÍDIA AMAPAENSE



Infelizmente o racismo no Brasil e, também no Amapá sofre um intenso processo de invisibilidade. Recentemente um empresa foi condenada por crime de racismo e nenhum veículo de comunicação noticiou tal fato. Entretanto, o "Escurecendo as Ideias" traz a você mais um caso do Racismo à Brasileira.



O Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Macapá (AP) condenou a rede de farmácias Extrafarma (Imifarma Produtos Farmacêuticos e Cosméticos S/A) a pagar R$ 30 mil por danos morais decorrentes de discriminação racial contra ex-funcionária.

Na inicial, ela afirmou que a gerente dizia fazer as escalas de trabalho de acordo com a cor de cada empregado, e que ela, negra, devia trabalhar no turno noturno porque “combinava com a escuridão”.

A funcionária ingressou na Justiça com pedido de reconhecimento da dispensa indireta, verbas rescisórias e a condenação da empresa a indenização por danos morais sob a alegação de que, dois meses depois da contratação, passou a ser discriminada e humilhada em seu local de trabalho, a ponto de sentir-se obrigada a parar de trabalhar. A primeira testemunha confirmou as informações prestadas e acrescentou outras. Segundo seu depoimento, em certa ocasião um cliente confundiu a empregada com a gerente, e esta reagiu com indignação por ser confundida com uma pessoa negra. Segundo esta e outra testemunha, os comentários racistas eram feitos na frente dos clientes e dos demais colegas.

A empresa alegou que a ex-funcionária não se conformou em ser mantida no turno da noite e deixou de comparecer ao emprego, e juntou documentos a fim de comprovar a alegação. Entretanto, a documentação não convenceu o juízo, pois foi emitida em data posterior ao ajuizamento da ação. Analisando os autos, o magistrado ainda constatou que a ex-funcionária não teve falta injustificada até a data de início do processo.

Com farta fundamentação legal, o juiz invocou o princípio constitucional que define racismo como delito inafiançável, pois “desqualifica um ser humano em relação a outro em virtude da simples pigmentação da pele”. Aplicou também o princípio da isonomia previsto no artigo 5º da Constituição Federal, que dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Normas internacionais

A decisão considerou, ainda, o previsto na Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da formulação de política nacional que elimine toda discriminação em matéria de emprego, formação profissional e condições de trabalho por motivos de raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, no sentido de promover a igualdade de oportunidades e de tratamento.

Outra norma internacional que serviu de fundamentação para a decisão foi a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, que prevê a promoção e a aplicação de boa-fé dos princípios fundamentais do Direito no Trabalho, inclusive o da não-discriminação em matéria de emprego e ocupação.

Com base nesses fundamentos, e ainda na Lei nº 9.029/95, que proíbe práticas discriminatórias para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, o juiz da 4ª Vara do Trabalho de Macapá concluiu pela responsabilidade da empresa por indenizar o empregado, pois esta “tinha o dever de evitar que seus representantes cometessem abusos na condução dos serviços de seus subordinados, ato a que se furtou, ao permitir que se discriminasse a funcionária”.

Uma vez evidenciados os fatos, além de reconhecer a rescisão indireta do contrato de trabalho, a sentença determinou a anotação da baixa na CTPS e o pagamento de todas as verbas rescisórias devidas. “O dano moral se caracteriza pela violação de um direito de personalidade, e é dispensável sua demonstração, caso provado o fato e demonstrada a culpa do agressor, já que o dano é presumido”, afirmou o juiz. Observando que o valor da indenização não está tarifado na legislação, e que cabe ao julgador sua fixação equitativa, a sentença definiu o montante em R$ 30 mil.

O magistrado determinou, ainda, a expedição de ofícios ao Ministério Público Estadual, para avaliar a possibilidade de abertura de inquérito policial em razão da possível existência de crime de racismo, à Superintendência Regional do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho, com cópias do processo para as providências cabíveis.

Processo 0001626-91.2011.5.08.0205

Fonte: TRT 8ª Região

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rearticulação do hip hop nortista







No último final de semana (24 a 26 de junho), rolou em Manaus - AM, uma reunião com alguns estados da região norte para debater a atual situação do hip hop. Amazonas, Acre e Amapá estiveram participando desta troca de ideia.
Temas como o intercâmbio de produção, na linha artística entre os estados, com produções de formação políticas, projetos, workshoppings, cursos e oficinas de produções com DJs, produtores, Mc’s, grafiteiros e dançarinos, possibilitando a criação de um eixo de eventos entre os estados visando o fortalecimento da cultura hip hop. Um ponto a ser destacado também foi sobre a criação de uma rede de comunicação que permita propagar as ações e articulações do movimento na região.
Para o DJ/MC Fino - AM, este encontro foi muito importante para reestabelecer a articulação entre os militantes e produtores do hip hop nortista buscando uma unidade de ação entre todos os estados e, com isso, potencializar a cultura hip hop.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Mais um caso que a grande mídia omite



Quase onze anos depois do fato, a Justiça de S. Paulo condenou o diretor e ator Walfredo Campos Maya Júnior, 57 anos, o Wolf Maya, da Rede Globo, a dois anos e dois meses de prisão pelo crime de injúria racial, por ter agredido o técnico de iluminação Denivaldo Pereira da Silva, chamando-o de "preto fedorento que saiu do esgoto com mal de Parkinson".

O juiz Abelardo de Azevedo Silveira, da 2ª Vara Criminal de Campinas, substituiu a pena de prisão pelo pagamento de indenização no valor de R$ 10,9 mil (o equivalente a 20 salários mínimos), e um período adicional de prestação de trabalho comunitário a ser definido pela Vara de Execuções Criminais.

O caso aconteceu no dia 12 de agosto de 2.000 no Teatro Municipal de Campinas. A vítima trabalhava como técnico de iluminação numa empresa prestadora de serviços de iluminação para a peça escrita e dirigida por Wolf Maya, "Relax... It's Sex". Segundo a testemunha Ronaldo Carlos, à época funcionário do Teatro, a ira do diretor teria ocorrido porque ele não gostou da forma como o técnico direcionou a luz para um ator durante a peça.

Vitória da Justiça

Segundo o advogado Sinvaldo Firmo a sentença do Juiz de Campinas proferida no dia 02 de maio passado, representa uma vitória da Justiça. “Prá mim é o caso mais importante em que eu atuei. Estava mexendo com uma pessoa com muito poder, acompanhado por um grande escritório de advocacia”, afirmou.

Firmo acrescentou que, embora ainda caiba recurso, a condenação do diretor em 1ª instância é muito importante para que se demonstre à sociedade que atos racistas não podem ficar impunes. “Qualquer pessoa que seja, não pode ficar impune ao praticar um ato racista. Que a Justiça seja feita e que sirva de exemplo para pessoas que tem influência na sociedade. Que isso sirva de exemplo”, acrescentou.

Retaliação

Antes da decisão da Justiça com a condenação criminal, Wolf Maya já havia perdido a ação por danos morais, que moveu contra o técnico, em que pedia a indenização de R$ 100,00, sob a alegação de que a acusação de injúria racial teria prejudicado sua imagem.

Em maio do ano passado, o juiz Gilberto Luiz Franchescini, da 6ª Vara Cível de Campinas, julgou improcedente o pedido de Maya e o condenou a pagar as custas processuais no valor de R$ 2 mil. O diretor também tenta reverter a decisão em 2ª instância.

Perseguição

Após entrar com a queixa crime contra o diretor da Globo, pelo crime de injúria racial previsto no art. 3º do art. 140 do Código Penal Brasileiro, Denivaldo, segundo Firmo, teve fechadas todas as portas de trabalho. “Ele ficou desempregado e teve até de passar por tratamento psicológico. Todas as empresas de S. Paulo se fecharam prá ele e ele teve, inclusive de deixar o trabalho de técnico de iluminação”, contou.

O advogado também destacou a postura corajosa do funcionário público de Campinas, Ronaldo Carlos, que à época trabalhava no Teatro Municipal e se tornou a principal testemunha da agressão, mantendo o depoimento na Delegacia durante a fase de investigação, e perante o juiz.

Defesa de Maya




João Carlos de Lima Júnior, o advogado do ator e diretor da Globo, negou que seu cliente tenha cometido “qualquer ato racista contra quem quer que seja” e disse que recorrerá da decisão. "Ao longo de mais de 30 anos de carreira, o Wolf jamais foi acusado de nada, por ninguém. Ele não seria capaz de dizer essa frase que o técnico de iluminação disse ter partido dele", afirmou.


Fonte: afropress.com

quinta-feira, 9 de junho de 2011



Salve povo!!!!!!!!!

Depois de uma temporada na viração por aí, finalmente conseguimos entrar em estúdio para gravação do CD do AfroRitmos। Intitulado "...Na força dos nossos ancestrais", o trampo é um mergulho nas raízes da música afro...é o que posso dizer nesse momento...outra hora a gente revela outras informações sobre o disco...mas vou deixar um pequeno trecho de uma letra das músicas do grupo.

"PATRIMÔNIO IMORTAL DA NOSSA IDENTIDADE
É O PORTO SEGURO DA FERTILIDADE
DA NOSSA CULTURA, MEMÓRIA E TRADIÇÃO
NA SUA ORALIDADE A PERPETUAÇÃO

SÃO ELAS PARTEIRAS, PRETAS LAVADEIRAS
TAMBÉM SÃO DANÇADEIRAS, AS VELHAS BENZEDEIRAS
RAINHAS E PRINCESAS DA NEGRA REALEZA
NA SIMPLICIDADE MORA TODA SUA NOBREZA"

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mais um imortal na nossa lista negra!



O Brasil amanheceu sem mais uma referência da negritude. Faleceu nesta manhã de terça, 24, no Rio de Janeiro, o escritor Abdias do Nascimento. Poeta, político, artista plástico, jornalista, ator e diretor teatral. Abdias foi um corajoso ativista na denúncia do racismo e na defesa da cidadania dos descendentes da África espalhados pelo mundo. O Brasil e a Diáspora perdem hoje um dos seus maiores líderes.
A família ainda não sabe informar quando será o enterro. Aos 97 anos, o paulista de Franca, passava por complicações que o levaram ao intermanto no último mês. Deixa a esposa Elisa Larkin, o filho e uma legião de seguidores, inspirados na sua trajetória de coragem e dedicação aos direitos humanos.
Abdias do Nascimento (Franca, 14 de março de 1914) é ex-político e ativista social brasileiro.
É um dos maiores defensores da defesa da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil, intelectual de grande importância para a reflexão e atividade sobre a questão do negro na sociedade brasileira. Teve uma trajetória longa e produtiva, indo desde o movimento integralista, passando por atividade de poeta (com a Hermandad, grupo com o qual viajou de forma boêmia pela América do Sul), até ativista do Movimento Negro, ator (criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro) e escultor.
Após a volta do exílio (1968-1978), insere-se na vida política (foi deputado federal de 1983 a 1987, e senador da República de 1997 a 1999), além de colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado (1978). Em 2006,em São Paulo, criou o dia 20 de Novembro como o dia oficial da consciência negra. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília. É autor de vários livros: "Sortilégio", "Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos", "O Negro Revoltado", e outros.
Foi Professor Benemérito da Universidade do Estado de Nova York e doutor "Honoris Causa" pelo Estado do Rio de Janeiro, grande militante no combate à discriminação racial no Brasil.
Foi casado com Maria de Lurdes Vale Nascimento. Mas tarde casou-se com Genilda Cordeiro. Depois com a atriz Léa Garcia, com quem teve dois filhos, e pela pela quarta vez com a norte-americana Elizabeth Larkin Nascimento, com quem teve um filho.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

43 anos da imortalidade de Martin Luther King Jr.


Martin Luther King , Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 — Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político estado-unidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Ele foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho". Ativismo político Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar em um ônibus para uma mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote aos ônibus de Montgomery para protestar contra essa imprudência a segregação racial em vigor no transporte. Durante a campanha de 381 dias, co-liderada por King, muitas ameaças foram feitas contra a sua vida, foi preso e viu sua casa ser atacada. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público. Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas batistas. King era seguidor das ideias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano também conhecido como Mahatma Gandhi), e aplicava essas ideias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não-violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos EUA, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; e essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos EUA a partir do começo da década de 1960. Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965). King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não-violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Alabany (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir participou dos protestos em Birmingham (1963), e do protesto em St. Augustine (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma. Em 14 de outubro de 1964 King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento a sua naçao e à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos. Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março. Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas 6 blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país, e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou desta marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estado-unidense, e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce. A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Este ato tresloucado causou surpresa e indignação de muitos ativistas locais. A marcha finalmente se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power". Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, mas depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos. A partir de 1965 o líder negro passou a duvidar das intenções estado-unidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e novamente em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempenhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a pobreza (a Campanha dos Pobres), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país. Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão. Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois repudiou sua confissão. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King. Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.


Fonte: wikipedia

quarta-feira, 23 de março de 2011

Caminhada marca o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial






















Organizações do movimento social negro realizaram na manhã desta segunda-feira (21), na Praça da Bandeira, uma grande mobilização para marcar o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial (21/03).
Com o tema “Preconceito e Discriminação – Faça a Diferença! Por um mundo sem Racismo, sem Preconceito, sem Discriminação e com Igualdade”, o ato foi realizado com o propósito de chamar atenção da sociedade amapaense para as desigualdades sociais baseadas nas diferenças de etnias, cor, gênero e crença, além de denunciar as diversas formas de discriminação e suas formas correlatas, como a intolerância religiosa, o sexismo e a homofobia.
A manifestação contou também com uma caminhada no entorno da praça com paradas no palácio do governo do Estado e na sede na Prefeitura de Macapá, em que a coordenação do evento entregou a Carta-Documento apontando políticas e medidas de enfrentamento à discriminação e a superação das desigualdades raciais. “A caminhada é um ato político do movimento negro para alertar toda a sociedade sobre esta problemática e denunciar as diversas formas de discriminação e preconceito que, principalmente, as religiões afro-ameríndias sofrem diariamente”, enfatizou um dos coordenadores da manifestação, professor Roberto Moraes, do Núcleo de Direitos Humanos da Unifap e religioso de matriz afro-ameríndea. “Esta data representa um marco histórico na luta contra a discriminação e a violência racial. É importante frisar que esta é uma problemática em que toda a sociedade deve estar unida para superar tais práticas, por isso agradecemos o empenho da COMIR no apoio deste evento”, destaca Reinaldo Kaiango, representante da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros – FECAB.
No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
O ato contou com o apoio da Prefeitura de Macapá (COMIR/SEMED/COMC), SEED/NEER, UNIFAP e Instituto Amazônia.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


O "Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil", lançado nesta quinta-feira (24/02), em Brasília, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, revela que o número de homicídios entre a população negra é explosivo e que os altos índices de vitimização – que piora entre os jovens -, beiram ao cenário de extermínio.

Segundo o Estudo, elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça, e coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, o número de pretos e pardos assassinados no Brasil aumentou entre 2002 e 2008, enquanto que o número de brancos vítimas desse tipo de crime caiu.

Proporcionalmente, segundo o Mapa, baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, morrem, proporcionalmente, mais do que o dobro de negros do que de brancos, vítimas de homicídios.

Números assustadores

Em 2002, em cada grupo de 100 mil negros, 30 foram assassinados, número que saltou para 33,6 em 2008. Já entre os brancos, o número de mortos por homicídio, que era de 20,6 por 100 mil, caiu para 15,9.

Em Estados como Paraíba e Alagoas, segundo o sociólogo Jacobo, os números são ainda mais estarrecedores: em Alagoas, para cada jovem branco assassinado, morrem mais de 13 jovens negros; na Paraíba são 20 jovens negros mortos para cada jovem branco.

Os dados por raça só passaram a ser levados em conta a partir de 2002. O Mapa da Violência também leva em conta mortes por acidente de trânsito e suicídios registradas de 1.998 a 2008.

A situação, segundo o Mapa é muito pior entre os jovens, onde a taxa de homicídios entre os brancos de 15 a 24 anos, registrou queda de 30%. Entre os negros, na mesma faixa etária houve aumento de 13%.

A vitimização da população negra passou a ficar evidente a partir de 2002, quando os dados começaram a ser levantados. Em 2002 morriam proporcionalmente 46% mais negros que brancos, percentual que passa para para 67%, em 2005, e para 103% em 2008.
Fonte: afropress.com

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Humilhada no Walmart, mulher negra acaba em Hospital


A dona de casa Clécia Maria da Silva, 56 anos, denunciou ter sido submetida a humilhações por parte de seguranças do Supermercado WalMart, da Avenida dos Autonomistas, em Osasco, ao ser tratada como ladra e ter sua bolsa revistada por um dos seguranças.

“Deixe ver essas bolsas”, teria dito o segurança, que não se identificou, ao segurar com força no seu braço à saída da loja. A dona de casa é negra e disse que, ao revistar sua bolsa, o homem teria dito: “Isso acontece mesmo com os pretos”.

Por causa da abordagem, em que as três bolsas que carregava foram retiradas das suas mãos e as mercadorias expostas, e com a aglomeração das pessoas que se formou, dona Clécia passou mal e teve que ser removida para o Hospital Montreal, pela ambulância do serviço de saúde do Supermercado.

Ela permaneceu internada cerca de 4 horas – entre as 18h52 e 22h50. A médica que a atendeu, Daniela Camargo, diagnosticou hipertensão e disse a Érica Patrício da Silva, a nora que foi chamada para socorrê-la, que ela esteve muito próxima de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O caso aconteceu na quarta feira, dia 16 de fevereiro, e a ocorrência foi registrada na sexta-feira, dia 18/02, no 9º Distrito Policial de Osasco, em Presidente Altino.

Humilhação e vergonha

Segundo dona Clécia, ela estava com o cupom fiscal na mão, comprovando que havia pago R$ 10,47 "por uma bisnaguinha, um pão pulmann e três suportes de botijão". “Quando eu saí fora, veio um segurança, pegou no meu braço. Depois pegou a minha bolsa e falou: “Isso acontece mesmo com o s pretos”. Todo mundo olhando prá mim. Fiquei muito nervosa. Não estava agüentando mais ficar de pé. Depois, quando viram que eu estava passando mal, vieram e me deram uma água quente da torneira. A pressão subiu muito e eu estou abalada até hoje”, afirmou.

A dona de casa mora na Vila Serventina e disse que, habitualmente, faz compras na loja do Walmart.

Por causa da crise hipertensiva desencadeada pelo episódio, dona Clécia, que é evangélica, teve de retornar ao Hospital no sábado, dia 19/02, quando voltou a ser medicada. “Não sei porque eles fizeram isso comigo. Ele me obrigou a abrir a bolsa, e depois que viu que não estava levando nada e que havia pago tudo, assinou o canhoto da comprinha que eu fiz”, contou.

Depois que começou a passar mal e viu que ia desmaiar, ela disse que só teve tempo de pedir por socorro para a nora, que normalmente a acompanha ao supermercado. Érica disse ter ficado assustada quando recebeu o telefonema.

“Ela me ligou desesperada. Venha aqui no Walmart, pelo amor de Deus. Quando cheguei a gerente do supermercado estava com a bolsa dela na mão. Eles estavam tratando dona Clécia como uma ladra, pelo traje que ela estava vestida e pelo fato de ser negra”, acrescentou.

Segundo ela, foi a própria ambulância do da loja que levou dona Clécia para o Hospital. “Quando viram que ela estava passando mal, vieram os seguranças todos, veio o chefe dele e mandou que eu calasse a boca e que devia ficar quieta, porque o importante era levá-la ao Hospital”, contou.

Erica contou que a médica que atendeu disse que a pressão estava muito alta e que se demorasse um pouquinho teria um AVC. Indignada, ela disse que chamou uma viatura da Polícia Militar, no próprio Hospital, e foram os policiais militares que a orientaram a registrar a queixa na Delegacia de Polícia.

Providências

Ainda abalada, e com marcas nos braços do soro e do medicamento que tomou no Hospital, dona Clécia, disse que quer Justiça, para que o que aconteceu com ela não se repita mais com ninguém.

A rede de supermercados Walmart – que está no Brasil desde 1.995 - ficou em primeiro lugar no ranking das 500 maiores empresas globais de 2010, segundo a revista norte-americana Fortune. Com faturamento estimado em US$ 408,214 bilhões, está presente no Brasil em 18 Estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além do Distrito Federal, com mais de 400 lojas e emprega cerca de 80 mil pessoas.

Fonte: afropress.com



Prezadas e prezados,


O texto a seguir é o editorial do informativo eletrônico afropress.com e evidencia a mais nova forma de racismo - racismo sem ódio. Acompanhem!




O cartunista e escritor Ziraldo, o mesmo que, em 1.971, deu início a campanha que levou à destruição da carreira artística e, posteriormente, à morte mesmo, do cantor negro Wilson Simonal, apresentado injustamente e sem qualquer prova como dedo duro da ditadura, voltou a atacar. Decidiu que é hora de reinventar o conceito de racismo e, lançando mão de sua criatividade gagá, o dividiu em dois: o racismo com ódio e o sem ódio.


O sem ódio, segundo o autor de "O Menino Maluquinho", “não é problema”. Tudo “prá acabar com essa brincadeira de que a gente é racista”, defende-se, sem que até o momento alguém o tivesse acusado.

O drama de Simonal e o papel de Ziraldo, Jaguar e companhia é exposto no documentário “Ninguém sabe o duro que dei”, de 2009, dirigido por Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, que mostra o drama vivido pelo cantor ao ser apresentado como delator de militantes de esquerda, em um tempo em que isso significava a morte sob tortura nas masmorras do regime militar.

Antes do Pasquim estampar a célebre capa com o dedo negro indicador de Simonal apontado, em julho de 1969, o mesmo Pasquim de Ziraldo publicara entrevista de capa sob o título “Não sou racista”, em que o cantor era acuado com perguntas sobre racismo e ridicularizado por comer caviar e ter mordomo.

Agora, ele decidiu conceber e assinar a camiseta do Bloco carnavalesco “Que M* é Essa?!”, que tem por tradição fazer a crítica a escândalos políticos e combater o que chama de patrulhamento nas escolas dos livros de Monteiro Lobato.

O incômodo de Ziraldo ocorre à propósito do parecer do Conselho Nacional de Educação que recomendou ao MEC, no ano passado, a exclusão do livro “Caçadas de Pedrinho” do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), e que, na hipótese de decidir mantê-lo, exija das editoras uma Nota Explicativa sobre o ano e o contexto em que foi escrito – em 1.933 -, um tempo em que a própria Constituição de 1.934 advogava a higiene racial.

A posição de Lobato e a defesa do Eugenismo presente em toda a sua obra, são notórios. Não menos notórios são o uso e o abuso de estereótipos racistas.

Ziraldo, porém, finge a tudo ignorar e embarcou de corpo e alma na defesa de Lobato, desenhando o escritor abraçado a uma negra, e junto deles "o pau que atiraram nele e o cravo que brigou com a rosa".

O ataque ao politicamente correto do Bloco, sob o lema "É proibido, proibir" é uma gigantesca farsa. O próprio nome do Bloco foi censurado pela Prefeitura do Rio, com a palavra merda sendo transformada no M com asterisco que ilustra a camiseta de Ziraldo.

Até aí a brincadeira parece, embora nada tenha de inocente. Ziraldo, porém, resolveu não apenas carnavalizar o seu racismo enrustido e “boa praça” mas abraçar o papel de ideólogo inventor do "racismo bonzinho", uma espécie de versão ipanemense do racismo brasileiro, cordial, inofensivo, portanto, genoíno produto do mito da democracia racial, que é um dos pilares da exclusão da República de poucos em que vivemos.

Na campanha da destruição de Simonal, Ziraldo justificou-se, sem nenhum pudor, revelando a inveja e o ressentimento pelo sucesso do cantor: “Simonal deu azar de estar em grande evidência na época do maior patrulhamento ideológico. O Pasquim não admitia uma mijada fora do penico. Não quero livrar minha cara, mas tive a felicidade de não ser um dos que caíram matando nele. Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável. Morro de pena, ninguém merecia sofrer o que ele sofreu", afirmou à época do lançamento do filme.

Ziraldo é tolo e se acha, porém, não é inocente.

As professoras Eliena Souza Nascimento da Silva e Suely Santos Santana, em artigo intitulado “A representação do Negro em O Menino Marrom de Ziraldo”, escrito em 1.986, disssecam o racismo "boa praça" do cartunista.

“No caso do Menino Marrom percebe-se que, escapando a idealização proposta na década de 80, o livro apresenta, de maneira sutil, uma visão racista e etnocêntrica, permeada pela criação de estereótipo que vislumbra a depreciação do negro. "[...] o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24).

“Aqui, fica claro que o negro, apesar de protagonista, continua sendo associado à marginalização, reforçado pelo estereótipo de que "todo negro é marginal[5]", o que implica dizer que o livro aludido contribui mais para reforçar estereótipos do que para desconstruí-los”, acrescentam as pesquisadoras.

Eliene Souza e Sueli Santana também chamam a atenção para o título do livro, em que o menino marrom não se reconhece enquanto negro, o autor de forma sutil passa para o leitor que o menino marrom se aproxima mais do ideal mestiço, arraigado no imaginário social. A "mistura" pregada pelo autor, visa à aproximação do padrão de beleza branca, concluem as pesquisadoras.

Alguém precisa dizer para Ziraldo que seus volteios retóricos não escondem o conteúdo do seu racismo enrustido, hipócrita e dissimulado, mas, nem por isso menos letal.

O seu deboche fora de contexto não tem a menor graça, uma vez que a mesma coragem que demonstra para afrontar, a nós, negros brasileiros – vítimas cotidianas, inclusive do racismo bonzinho que advoga – falta-lhe para usar imagem semelhante em relação, por exemplo, ao nazismo, responsável pela morte de cerca de 6 milhões de judeus, negros e ciganos nos anos 30 na Alemanha.

Seria interessante ver o cartunista em fim de carreira justificar para as vítimas do nazismo que existe o "nazismo com ódio e o nazismo sem ódio", e que o "nazismo sem ódio" não é mau, como sustenta em relação ao racismo.

Ao menos em respeito aos seus próprios cabelos brancos deveria ter um mínimo de dignidade de respeitar os nossos, a nossa história, os sofrimentos dos nossos antepassados sob o escravismo e dos que ainda continuam sendo alvos cotidianos, dos jovens na mira diária das balas assassinas (um jovem negro tem mais 3,7 vezes mais chances de ser assassinado antes de completar 18 anos do que um branco), fruto e resultado da cultura perversa - inclusive do racismo sem ódio e bonzinho que ele acaba de inventar.


São Paulo, 17/2/2011

Por:Dojival Vieira
Jornalista Responsável (Fonte: afropress.com)
Registro MtB: 12.884 - Proc. DRT 37.685/81

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mesmo sem apoio, devotos celebram a Mãe dos orixás








Fogos, cânticos, oferendas, devoção e muita fé. Foi desta forma que as entidades ligadas à preservação e valorização das religiões de matriz africana (Liga de Religiões Afro-Brasileiras e Ameríndias – LIRA, Associação Beneficente Ylê d’Oxum Apará – ABYOA e Federação de Cultos Afro-Religiosos de Umbanda e Mina Nagô – FECARUMINA) realizaram nesta quarta-feira (02), na Beira-Rio (em frente ao Trapiche Eliezer Levi), a tradicional Festa de Iemanjá.
A festividade, que já faz parte do calendário cultural do município de Macapá, reuniu adeptos e devotos da Rainha do Mar, para pedir suas bênçãos e proteção. Iemanjá é freqüentemente representada sob a forma latinizada de uma sereia, com longos cabelos soltos ao vento. Chamam-na também de Dona Janaína ou Mãe dos Orixás.
De acordo com Pai Marco, mesmo sem apoio institucional, a Festa de Iemanjá já é uma das mais importantes festividades do calendário da religiosidade e congrega os adeptos e filhos de Iemanjá. Atualmente as homenagens a essa orixá começam de madrugada, com devotos do candomblé e do catolicismo colocam as ofertas e bilhetes com pedidos em balaios que serão atirados ao mar.
Para Reinaldo Kaiangu, a ausência da parceria do poder público representa uma afronta à religiosidade de matriz africana só ratifica o racismo institucional, o qual se demonstra ainda está bastante presente em nossa sociedade.
Mais uma vez a imprensa ignorou a data, por outro lado, ela agiu de forma preconceituosa ao noticiar, de maneira sensacionalista,a presença de um "caixão" com frutas dentro de um cemitério.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Seminário sobre religiões de matriz africana celebra Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa













Entidades ligadas à preservação e valorização das religiões de matriz africana (Liga das Instituições Religiosas Afro-Brasileiras e Ameríndias – LIRA, Associação Beneficente Ylê d’Oxum Apará – ABYOA e Federação de Cultos Afro-Religiosos de Umbanda e Mina Nagô – FECARUMINA) realizaram na última sexta-feira (21), na sede da LIRA, o Seminário “Desconstrução do Imaginário Negativo a respeito das Religiões de Matriz Africana”. Nesta data é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Participaram do evento representantes das religiões, técnicos da área de educação, militantes do movimento negro, educadores e autoridades, como o vereador e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AP, Washington Picanço.
O evento procurou discutir mecanismos de organização e de enfrentamento às práticas de violência institucional que as religiões enfrentam atualmente e, ao mesmo tempo, capacitar politicamente os adeptos e praticantes das religiões de matriz africana a respeito das políticas públicas voltadas para o segmento.
De acordo com Mãe Iolete, Presidente da Fecarumina e Coordenadora estadual da Rede Nacional de Mulheres de Axé, o evento definiu uma nova etapa que é de aprofundar o diálogo e construir mecanismos dentro do governo e espaços em que essas religiões todas possam ter acesso.
A data foi oficializada pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto de lei para a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi de autoria do deputado Daniel de Almeida (PCdoB-BA). O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído para lembrar a data de morte da iyalorixá (sacerdotisa do candomblé) Gilda do Ogun, em 2000. Mãe Gilda foi acometida por um infarto fulminante ao ver sua foto estampada na capa da Folha Universal com o título de “Macumbeiros charlatões enganam fiéis”. A IURD foi condenada em última instância a indenizar os herdeiros da sacerdotisa.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pensamento do Afro-Ritmos




Decidimos aqui apresentar a todas e todos alguns trechos de algumas letras do Afro-Ritmos para apreciação dos nossos visitantes.


Música - Na Roda do Marabaixo (AmapÁfrica)

Na roda do Marabaixo eu canto meu pranto de dor
Na roda do Marabaixo toca o neguinho, dança o da cor...

A diáspora africana ao Amapá chegou
Ao som do Marabaixo, esse é o rufar do tambor
Que reflete o lamento do banzo, a dor
Ou a celebração da liberdade conquistada com muito ardor...

...Cunani, Curiaú, Mazagão
Salve, salve os guerreiros de nossa tradição
Biló Nunes, Zeca Costa e Natalina
Tia Zefinha, Gertrudes, Vó Venina.


Música - Nosso Som


O NOSSO SOM, NEGRO, FORTE E DESTEMIDO
QUE VEM DA ALMA E QUE NUNCA TÁ SOZINHO
TEM SENTIMENTO, FÉ, RESISTÊNCIA
ENVOLVE O INTÍMO, A CONSCIÊNCIA...

NOSSO SOM ECOOU NO NAVIO NEGREIRO
ENFRENTOU OS MAUS TRATOS DO TUMBEIRO
NÃO SE RENDEU E ENCONTROU ABRIGO NO TERREIRO
E SE MANTÉM VIVO DENTRO DE CADA NEGRO...




Mãos que fazem


O fato que vos relato vem diretamente do Quilombo do Curiaú, mais precisamente do Curiaú de Baixo. É lá que habita o personagem principal deste enredo - As Mãos do Tambor". Seu nome é Eduardo da Silva Ramos, ele desenvolveu a arte de confeccionar os tambores do ritmo afroamapaense mais pulsante - o Batuque.
Eduardo herdou a arte de confeccionar tambores de seu avô Manoel Cecílio Ramos. Hoje ele dá continuidade a esta arte que exerce um papel importantíssimo na preservação da cultura bi-centenária do Curiaú. Preocupado com a transmissão de conhecimento (griot) neste ofício, Eduardo já está atribuindo a seus sobrinhos esta missão.
Segundo ele a madeira propícia para os tambores de batuque, que também são conhecidos como "Macaco", é a Macacaúba, que tem em abundância na região e seu som é mais marcante. Já os couros utilizados para cobrir os tambores são os de boi,veado e, em menor escala, os de sucuriju. Além de arte, a confecção dos tambores é uma terapia.
Eduardo Ramos também é responsável pela realização de uma das mais tradicionais festas da comunidade - Festividade de São Sebastião. Este ano, a festividade do santo acontece no período de 13 a 23 de janeiro, sendo que no dia 21 ocorre o batuque em honra ao santo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ministério da Justiça e a questão indígena




Irmãos e Guerrreiros.

Fui o único indígena a estar presente na posse do novo Ministro da Justiça, Sr. José Eduardo Cardoso.

Em contrapartida, foram agentes da PF, havia em torno de 50 agentes da Força Especial e uma bruta estrutura policial para entrada dos convidados.

Ouvi atentamente o discurso do Ministro José Eduardo.

Em nenhum momento ele citou os Povos Indigenas e somente uma vez, falou da Funai que segundo ele, é o órgão "patinho feio" da administração federal.

Ao cumprimentá-lo salientei a importância de haverem indigenas dialogando com ele sobre a politica indigenista pois estávamos em plena Década Internacional do Indio estabelecido pela ONU.

Agora é esperar para ver...

Mais uma inquietação: onde estavam os indígenas que fazem parte da tal Comissão Nacional dos Povos Indígenas?

Marcos Terena


M. MARCOS TERENA
http://marcosterena.blogspot.com
http://twitter.com/MarcosTerena

2011 - ANO INTERNACIONAL DA COMUNIDADE AFRO


No final de dezembro, a Organização das Nações Unidas - ONU, por meio de seu secretário-geral, Ban Ki-moon, instituiu 2011 como o Ano Internacional da Comunidade Afro. Em seu discurso, realizado em Nova Iorque,Ban Ki-moon, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação aos africanos e seus descendentes. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.
Ban lembrou que as pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.
Com esta iniciativa a ONU pretende resgatar linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de reestabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate.

Declaração de Durban

A comunidade internacional já afirmou que o tráfico transatlântico de escravos foi uma tragédia apavoradora não apenas por causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.

O Secretário-Geral concluiu a mensagem sobre o Ano Internacional para os Descendentes de Africanos, a lembrar que a Declaração de Durban e o Programa de Acção que pede aos governos para assegurarem a integração total de afro-descedentes em todos os aspectos da sociedade.