terça-feira, 28 de setembro de 2010

Salão de beleza nega-se a cortar cabelo de criança negra

Funcionários do “Salão Fascínio”, localizado no andar térreo do Shopping Itaigara, em Salvador, recusaram-se, no dia 23 de setembro, a cortar o cabelo de
uma criança negra, de seis anos, recomendando a mãe que “passasse a
máquina”, pois aquele cabelo “não dava para ser cortado,
nem desembaraçado”. A mãe da criança, a jornalista Márcia Guena,
acusou os funcionários e a dona do salão de racismo e logo procurou a
administração do shopping para formalizar a denúncia. Neste caso
configura-se um duplo crime por tratar-se de racismo e de violação ao
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por expor uma criança a uma
situação vexatória.


Acompanhado da mãe, o menino M.S.G.S.O. entrou no salão por volta das 18:30, do dia 23 de setembro, quando Guena solicitou ao único funcionário homem do
salão, para quem foi indicada pela atendente Selma (a qual foi
identificada como dona do salão), um corte estilo “black”, mas não muito
alto. O funcionário então respondeu que para “aquele cabelo” só dava
para “passar a máquina”. A mãe então disse: “eu não solicitei que passem
a máquina, mas que cortem o cabelo do meu filho. Eu já indiquei o corte
que desejo”. O atendente repetiu: ”só dá pra passar a máquina”. Guena
retirou a criança da cadeira e saiu imediatamente do salão para não
expor a criança a uma discussão motivada pelo racismo explícito. Mas
diante da violência cometida contra a criança, que foi exposta a uma
situação vexatória, e a recusa de cortar o cabelo de um negro, a mãe
voltou com a finalidade de procurar a gerente e formalizar a denúncia de
racismo.

Ao retornar, Guena disse para Selma que a recusa em cortar o cabelo de seu filho configurava-se racismo, um crime inafiançável e que
iria formalizar a denúncia junto ao Ministério Público. Selma,
identificada como Maria Tavares de Oliveira, contestou dizendo que a mãe
estava errada e que seus funcionários disseram que não sabiam cortar o
cabelo da criança e que seria muito difícil desembaraçá-lo. Por isso, só
poderiam passar a máquina, insistindo na resposta inicial do
funcionário.


A mãe retirou-se do local e procurou a administração do Shopping. Guena foi recebida por Alda, que se identificou como administradora, e
reconheceu a gravidade do problema, confirmando tratar-se sim de uma
situação de racismo. Imediatamente ligou para Selma (Maria Tavares
Oliveira) reclamando da forma como foi realizado o atendimento.


Texto enviado pela jornalista Márcia Guena

0 comentários:

Postar um comentário